Entendendo o verdadeiro mover de Deus e desenvolvendo igrejas que transformam as cidades

O dicionário define a palavra “avivar” como: tornar mais vivo, mais ardente. O verbo hebraico hyh (avivar) tem o significado primário de preservar ou manter vivo. Porém, também significa purificar, corrigir e livrar do mal. Essa é uma consequência natural do mover de Deus. Na história de cada avivamento, Deus trabalha purificando, livrando do mal e do pecado, tirando a escória e as coisas que estavam impedindo o progresso da causa.

Estritamente falando, esse despertar acontece unicamente no meio do povo de Deus. O Espírito Santo renova, reaviva e desperta a Igreja sonolenta. É revitalização onde já existe vida. Ou, como disse o Dr. Martin Lloyd-Jones: “É uma experiência na vida da Igreja quando o Espírito Santo realiza uma obra incomum. Ele a realiza, primeiramente, entre os membros: é um reviver dos crentes. Não se pode reviver algo que nunca teve vida; assim, por definição, o avivamento é primeiramente uma vivificação, um revigoramento, um despertamento de membros de Igreja que estão letárgicos, dormentes, quase moribundos”.

Quando há esse impacto da obra do Espírito na vida da Igreja, os resultados imediatos são: senso inequívoco da presença de Deus; oração fervorosa e louvor sincero; convicção de pecado na vida das pessoas; desejo profundo de santidade de vida e aumento perceptível no desejo de pregação do Evangelho.

Em outras palavras, a Igreja amortecida e tristemente doente é a primeira a ser beneficiada pelo avivamento. Mas, como afirma o Dr. Héber de Campos Jr., “o avivamento começa na igreja e termina na comunidade maior onde ela vive”.

Isso é o que mostram os moveres que têm se produzido ao longo da história. Desde o Antigo Testamento, com Ezequias, Josias e Neemias, passando pelo Novo, com o registrado no livro de Atos dos Apóstolos, que se estendeu a Jerusalém, Samaria, Antioquia da Síria e Éfeso, e até nos relatos da obra vivificadora do Espírito Santo na história da Igreja como, por exemplo, na Alemanha com a Reforma Protestante do século XVI, na Inglaterra no século XVIII, na rua Azusa nos EUA, entre os negros Zulus da África do Sul na década de 60, ou na Coréia do Sul, os avivamentos sempre produziram também profundas mudanças políticas, econômicas, sociais e morais.

John Wesley lutou pelas causas sociais na Inglaterra ao mesmo tempo em que pregou sobre avivamento. Finney ministrou ardorosamente contra a escravidão ao mesmo tempo em que foi o maior avivalista do seu país. João Calvino atacou com veemência os juros extorsivos em Genebra. Certamente, avivamento não é uma onda, não é um modismo. Ele possui firmes lastros históricos. Ele é nossa herança e nosso legado, e deve continuar sendo nossa aspiração e nossa busca constante.

O verdadeiro avivamento

Um homem nunca trabalha tanto e tão eficazmente como quando está de joelhos

Quando o assunto é avivamento, o texto que vem à minha cabeça é o que está em 2 Crônicas 7.14: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”.

Os judeus atravessavam um dos momentos mais difíceis da sua história. Era um tempo de declínio moral, indiferença espiritual, seca, esterilidade e peste. E nesse contexto terrível, o Senhor traz uma mensagem de esperança, de renovo.

O avivamento é um genuíno despertamento em que o povo é chamado pelo Espírito Santo para a realidade de uma vida inteiramente nova.

O homem começa a olhar para si, descobre suas misérias, fraquezas e fracassos e é levado a arrepender-se, confessando com lágrimas e tristeza os seus pecados. A oração deixa de ser mero hábito ou dever e torna-se a alegre explosão de uma alma que anela por buscar a comunhão com o Rei. O derramamento do Espírito leva intimamente à intercessão, ao louvor e à comunhão, cria um coração quebrantado e cheio de amor a Deus, aos irmãos e às almas perdidas.

Avivar é oferecer vida (Jo. 10.10). Foi o que aconteceu quando o homem estava morto em delitos e pecados e recebeu vida na morte e ressurreição de Cristo. Perdemos nossa vida de pecado e injustiça (Ef. 2.1-3), e ressuscitamos juntamente com Ele para ganharmos a Sua vida de justiça e santidade (Rm. 6.4-5).

Se queremos esse mover, o primeiro passo a ser dado é acertar nossa vida com Deus. O pecado deve ser extirpado porque produz morte e desgraça. Deve ser tratado como pecado, não como fraqueza, doença, ignorância, hereditariedade ou trauma psicológico.

Há em nossos dias, alguns grupos que declaram estar experimentando algo novo da parte de Deus. Mudaram suas formas de culto, porém não há arrependimento nem mudança de vida. Continuam desonestos em seus contratos e negócios, vivem em meio a infidelidade conjugal, não abandonaram a mentira, a maledicência, as palavras torpes e imorais. Estão envolvidos com pornografia, imoralidade, namoro desonesto, fornicação… “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”. Sepulcros caiados, disse Jesus (Mt. 23.27).

Quando estudamos a história dos avivamentos, observamos que eles começaram com humilhação e confissão por parte dos filhos de Deus. O Espírito Santo convencerá os ímpios quando estivermos quebrantados e submissos diante de Deus.

A esterilidade espiritual de muitas pessoas e igrejas é a injustificada negligência na oração. Por vezes, pensamos que se conseguirmos alcançar uma melhor “tecnologia espiritual” específica para uma dada comunidade ela irá prosperar. Deus não tem compromisso com métodos ou estruturas, mas com homens totalmente entregues em Suas mãos. Um homem nunca trabalha tanto e tão eficazmente como quando está de joelhos na presença de Deus. Ninguém jamais estará habilitado a falar de Jesus aos homens sem que antes tenha aprendido a falar dos homens a Deus.

Se desejamos que venham as transformações tão necessárias para a nossa pátria, devemos nos empenhar para que o verdadeiro avivamento seja experimentado em nossas vidas, famílias e igrejas, e então o mundo ao nosso redor provará a grandiosidade e a soberania de um Deus fiel e cumpridor de Suas promessas.

O Senhor nos ensinou o caminho para alcançar o verdadeiro avivamento:

  • Humilhar-se: reconhecer as faltas – tristeza pelo pecado –, renovar o compromisso de obedecer a Deus;
  • Orar: clamar pedindo misericórdia em espírito perseverante de oração;
  • Buscar Sua face: procurar com dedicação, ansiar pela Sua presença de todo o coração;
  • Converter-se dos maus caminhos: arrependimento sincero, abandono total de pecados.

Um desafio essencial para todo cristão

Não podemos ficar inertes diante dessa verdade na Palavra de Deus. Não podemos atuar como se não soubéssemos o que fazer. Este é o desafio de todo cristão para alcançar o avivamento: se humilhar, orar, buscar Sua face e converter-se dos maus caminhos. Este é o nosso desafio!

Seguindo esses passos, disse o Senhor: “Eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração deste lugar. Porque agora escolhi e santifiquei esta casa, para que o meu nome esteja nela perpetuamente; e nela estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias” (2 Cr. 7.15-16).

Glorificado seja o nosso Pai celestial.

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