O papel da igreja urbana de alcançar as pessoas e formar discípulos de Jesus

Nosso país conta hoje com mais de 200 milhões de habitantes. Quase 25% da população brasileira vive nas capitais e mais de 80% mora nas cidades. Isso é um sintoma de desenvolvimento, de aumento da produtividade, de evolução socioeconômica, cultural, tecnológica. Mas, com o crescimento urbano vem a violência, o lixo, as enchentes, a favelização. O número de favelas no mundo cresce assustadoramente. E qual é a nossa atitude diante de tudo isso? Como você percebe sua cidade? Como você olha para ela? É aquele lugar de onde você quer fugir o mais rápido possível ou é um lugar de oportunidades para escrever novas histórias?

A Bíblia nos ensina que as cidades são construções humanas. Após ter matado Abel, Caim partiu para Node e empenhou-se em construir uma cidade, à qual deu o nome de seu filho, Enoque (Gn. 4.14-18). Assim, Deus criou o jardim, e o homem inventou a cidade.

E ainda que elas, hoje, possam ser vistas como centro de toda corrupção, violência, pecado, imoralidade e idolatria, Deus não as enxerga assim. Para Ele, elas não são constituídas de estruturas físicas, mas de pessoas a quem ama a ponto de dar a vida de Seu único Filho em favor delas.

O papel da igreja na cidade

Devemos entender que fugir da cidade não dá a ninguém uma nova moralidade. O problema não é o ambiente, mas o coração humano. A cidade em si não é mais maligna do que as pessoas que vivem nela. E nós não somos vítimas urbanas, mas missionários ali.

Deus olha diferente para os centros urbanos. O povo de Israel tinha sido arrancado de Jerusalém, tirado de sua casa e levado para o exílio na Babilônia. Havia neles uma grande expectativa por ouvir a voz de Deus e Jeremias chega e anuncia: “Busquem a prosperidade da cidade para a qual eu os deportei e orem ao Senhor em favor dela, porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela” (29.7).

Provavelmente, aqueles israelitas esperavam ouvir um recado para voltarem para casa, para o conforto. Mas o Senhor disse a eles que a história de suas vidas estava intimamente ligada à daquele lugar. Essa afirmação profética compromete o povo de Deus com o lugar em que ele vive, com a cidade em que habita.

Teologia urbana

Nossa relação igreja-cidade, cristão-cidade, se expressa na maneira com que nos relacionamos com ela. O jeito com que compreendemos, olhamos, vemos, participamos. Precisamos entender que nossa atitude diante das cidades em que habitamos é determinante para o desenvolvimento de um ministério urbano de impacto a longo prazo. Assim como o famoso reformador escocês John Knox chorava clamando: “dá-me a Escócia, senão morrerei”, assim como Jesus, com o coração cheio de compaixão, chorou por Jerusalém (Lc. 19.41), nós também devemos olhar as nossas cidades sentindo a urgência de levar as Boas Novas do Evangelho.

Este é o grande desafio para o movimento contemporâneo de missões. Precisamos aprender o que significa ser o Corpo de Cristo na cidade. Jesus nos deu a responsabilidade de fazermos discípulos “de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt. 28.19-20).

A igreja urbana deve trabalhar 24 horas a fim de alcançar aqueles que trabalham nos vários horários do dia, deve falar várias línguas e se despir de toda ideologia. É através do nosso estilo de vida que as pessoas são impactadas. Isso muda uma cultura, transforma uma cidade. Há uma teologia urbana nas Escrituras. Jesus disse, sejam luz para que o mundo veja. “Brilhe a luz de vocês diante dos homens” (Mt. 5.16). Que quando as pessoas nos olhem, não consigam enxergar mais a nós, mas a Jesus e imediatamente glorifiquem ao Pai que está nos céus.

Como disse Bob Pierce, fundador de uma das maiores organizações humanitárias do mundo, a Visão Mundial: “que o meu coração se quebrante pelas coisas que quebrantam o coração de Deus.” Não podemos ser insensíveis às injustiças ao nosso redor. Sejamos generosos. Não paguemos o mal com mal, mas paguemos o mal com bem. Integremos nossa fé ao trabalho. Sejamos os melhores funcionários, os melhores empregadores. Abençoemos, oremos, evangelizemos, promovamos a paz, trabalhemos juntos para que o mundo seja um lugar mais justo, mais parecido com o Reino de Deus.

“Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”, disse Jesus em João 17.18.

Para isso servem as células, para formar líderes e enviá-los. Assim, estes alcançarão outros, que serão transformados pelo amor de Jesus mostrado através do cuidado, do relacionamento, do discipulado, e que continuarão com esta sequência. É nos pequenos grupos que as pessoas serão alimentadas e preparadas para alimentar a outros. É ali que deixam de ser espectadores para passarem a ter nome, endereço, aniversário, amigos, necessidades. É ali que aprenderão como é bom pertencer a uma verdadeira família e serem aceitas e amadas. É ali que seus talentos e dons espirituais serão desenvolvidos, que crescerão espiritualmente e que trabalharão para alcançar e transformar outros. A célula existe para formar pessoas que querem transformar a cidade, porque onde há uma célula, há uma igreja, e o poder de Cristo se manifesta.

Amor radical para transformar as cidades

Nosso olhar e a nossa atitude têm que estar em sintonia com as Escrituras. Nem romântico, nem pessimista, realista. Ame sua cidade, seu bairro, seu distrito, seu estado. Assuma um compromisso de oração com o lugar onde você vive. Essa é a atitude bíblica. Se sua atitude não estiver em sintonia com as Escrituras, quando você for embora, será como se você nunca tivesse passado por ali.

Temos que ser conhecidos como os mais generosos, os mais sensíveis, os que se importam com os que ninguém se importa, os mais engajados, os menos interessados em nós mesmos, os que menos julgam, os que mais amam. Porque assim, o crédito será de Jesus e o nome de Deus será glorificado. Brilhe a luz de vocês diante dos homens.

Você sabe quais são os elementos essenciais de células frutíferas – que alcançam pessoas e formam discípulos?