Como Jesus nos ensinou a nos relacionar com as pessoas

Quem é meu próximo? Essa é pergunta que um mestre da lei fez a Jesus, que, em resposta, contou a parábola do bom samaritano (Lc. 10.25-37). A dúvida apontada escondia a intenção de pôr à prova os conhecidos do Messias e estabelecer uma polêmica, já que o assunto suscitava disputas intermináveis entre os judeus.

Os religiosos daquela época não tinham dúvidas: os gentios eram estrangeiros e considerados “impuros”, e os samaritanos eram inimigos. Sendo assim, a quem deveriam o sacerdote, o rabino ou o ancião considerar seu próximo?

Jesus lia o coração dos fariseus como num livro aberto, e respondeu com os princípios da lei, levando Seus ouvintes a refletirem sobre a mesma e deixando descobertas três filosofias existentes no mundo até hoje:

1. Filosofia do salteador – “O que é teu é meu!”

Na parábola exposta por Jesus, o homem que descia pela estrada foi atacado por assaltantes que “lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto” (Lc. 10.30). Aquela violência é a mesma com a que convivemos no mundo hoje.

O coração do homem é egoísta, invejoso. Assim como aqueles homens, que se apoderaram à força dos pertences daquele viajante, as pessoas nos dias de hoje querem subir na vida custe o que custar. Se preciso for, passam por cima umas das outras.

2. Filosofia dos religiosos – “O que é meu é meu!”

São aqueles que sabem o que precisa ser feito, mas não fazem, deixam para outros fazerem. Eles veem o problema, mas decidem não se envolver. Passam de largo, como fizeram o sacerdote e o levita (Lc. 10.31-32).

Em Mateus 23.13-29 Jesus fez uma severa advertência para esse tipo de pessoas, chegando a afirmar que são os culpados de fechar o Reino dos Céus diante dos homens e chamando-os de hipócritas, por darem o dízimo de tudo, mas negligenciar “os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade”.

No Antigo Testamento, a Lei ensinava que não devíamos fazer o mal aos outros. No Novo Testamento, Jesus ampliou este ensino ao dizer que devíamos não só não fazer mal, mas ir além, fazendo o bem ao próximo. E não o fez apenas com palavras, mas com Sua própria vida, entregando-a em favor de nós e nos chamando a fazer o mesmo (1Jo. 3.16).

3. Filosofia do cristão – “O que é meu é seu!”

Os verdadeiros cristãos são aqueles que têm um coração misericordioso, que param na estrada para servir. Aquele que verdadeiramente ama a Deus e aos semelhantes é o que mostra misericórdia ao desvalido, ao sofredor, ao ferido, aos que estão prestes a perecer.

O samaritano não foi procurar alguém para curar as feridas do homem, mas utilizou suas próprias mãos. Também não o deixou ali depois de cuidar das feridas, mas colocou-o sobre sua própria cavalgadura e levou-o para um lugar onde poderia continuar cuidando dele. Quando teve que se ausentar para continuar sua viagem, pagou e se dispôs a pagar mais pelo cuidado que contratou com o hospedeiro. Essa é a filosofia do cristão!

Na parábola do bom samaritano, Jesus mostrou que nosso próximo não é unicamente alguém da igreja ou da fé a que pertencemos. Não é apenas alguém da família ou do mesmo país. Nosso próximo é toda pessoa que carece de nosso auxílio. Toda pessoa ferida e magoada. Os sofredores e desvalidos de toda classe, os perseguidos, os sem voz.

Quem é meu próximo? Essa é uma pergunta que todos precisamos compreender.

Dando esta lição, Jesus apresentou os princípios da lei de maneira direta e incisiva, mostrando aos ouvintes que eles tinham negligenciado a sua prática. Que isso não aconteça conosco, mas que sejamos conhecidos pelo amor expressado uns aos outros, porque somente assim seremos reconhecidos como verdadeiros discípulos de Jesus (Jo. 13.34-35) e podemos multiplicar Seu ministério e cumprir com a missão que nos foi dada (Mt. 28.19-20). Vamos juntos neste grande desafio de abençoar e alcançar o nosso próximo!

Carlos Alberto Bezerra

O pastor Carlos Alberto Bezerra é o fundador da Comunidade da Graça. É casado com a pastora Suely Bezerra há 57 anos, com quem tem seis filhos e 16 netos. Ele é um dos convidados da C23, a Conferência Ministerial da Comunidade da Graça.