Timóteo, discípulo e modelo
Características e lições para uma liderança que abençoa gerações
Quando falamos de liderança, estamos falando de pessoas. Bons líderes não são todos iguais, mas tem princípios que os guiam e características que devem ser almejadas.
O apóstolo Paulo ensina isso muitas vezes nas cartas a Timóteo, seu discípulo. Paulo está formando Timóteo, considerando suas características e lembrando da verdadeira transformação que o Evangelho fez em sua vida.
Algumas das cartas pastorais mais belas de Paulo foram direcionadas a Timóteo.
É por causa desse relacionamento de mestre e discípulo que temos um registro inerrante das qualidade de um pastor, líder e servo do Senhor.
É interessante pensar que Paulo confiou isso a um jovem discípulo como Timóteo, mas um discípulo que era íntimo de seu coração.
As expressões “meu filho amado e fiel no Senhor” (1Co 4.17) e “filho na fé” (1Tm 1.2) parecem implicar não só o grande amor que Paulo tinha por Timóteo, mas também que ele era seu pai espiritual.
Paulo soube que o jovem tinha bom testemunho dos irmãos que estavam em Listra e em Icônio (At 16.2), por isso resolveu levá-lo consigo, separando-o para ser evangelista. Daí em diante, Paulo e Timóteo estavam unidos no mesmo trabalho: formar homens e ensinar tudo a todos.
Bons líderes precisam de tempo para serem formados. Durante seis anos, aproximadamente, Timóteo foi preparado na igreja local em Listra. Agora, todos davam bom testemunho, tanto do seu caráter como do seu dom (2Tm 1.4-5).
Todos recebemos o chamado de Deus (Jo 15.16). Mas ao escolher alguém para o ministério deve-se levar em consideração o preparo para o trabalho. Paulo convidou Timóteo para que fosse equipado e preparado para assumir maiores responsabilidades.
Timóteo era mais jovem que Paulo, não era perfeito, mas era uma pessoa moldável e convicto da obra de Cristo em sua vida.
A igreja local deve ser um ambiente saudável para treinar líderes (Ef 4.12; 5.1). Deus concedeu graça a cada um; daí a importância do ministério local, discernindo os dons de seus futuros líderes, ajudá-los a sentirem-se úteis na edificação do corpo de Cristo.
Características de Timóteo
- Timóteo tornou-se um discípulo. Era um homem ensinável, e aqui é importante dizer que no aprendizado diário precisamos aprender a fazer perguntas e não agir como se já conhecêssemos todas as coisas.
- Timóteo venceu problemas pessoais. Vivia num lar dividido, pois sua mãe era cristã e o pai pagão, mas sua história não determinou seu futuro. O importante é que sua vida começou na cruz, na sua identificação com a morte e ressurreição junto com Cristo. Aprendeu a vencer seu problema e tornou-se um cristão útil e eficiente no reino de Deus.
- Havia bom testemunho a seu respeito. Ele foi testado e aprovado ao longo de, aproximadamente, seis anos.
A escolha para um líder sempre deve recair no caráter e não no carisma de cada um.
Bons líderes precisam de tempo para serem formados. É necessário investimento de “vida na vida” e não somente escolas e formações teológicas.
Não sou contra uma boa formação acadêmica e estudo que irá servir ao rebanho, mas o verdadeiro discípulo é formado no pastoreio, no relacionamento um a um.
Isso não garante a perfeição, mas garante que quando necessário, o discípulo falará com seu discipulador. O relacionamento cria um vínculo de reciprocidade.
Jesus deixou este modelo que o apóstolo Paulo reproduziu com Timóteo, o modelo de conhecer pessoalmente, de chamar para andar junto, de partir o pão, de orar, de saber das dores, da história e do futuro.
Verdadeiros discípulos não são aqueles que obedecem a ordens, mas são aqueles que são amigos e compartilham do mesmo desejo que arde no coração do mestre.
Precisamos ser pastores e líderes que formam discípulos de Jesus. Timóteo passou pelo processo: creu em Jesus e foi regenerado, viveu uma vida de bom testemunho e até mesmo sofreu (na circuncisão) para que não houvesse nada que pudessem falar dele e das verdades que ele carregava. Precisamos ser líderes como Timóteo, precisamos formar líderes como esse homem.
“Por essa razão, torno a lembrar-lhe que mantenha viva a chama do dom de Deus que está em você mediante a imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio. Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dele, mas suporte comigo os meus sofrimentos pelo evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com uma santa vocação, não em virtude das nossas obras, mas por causa da sua própria determinação e graça. (...) Retenha, com fé e amor em Cristo Jesus, o modelo da sã doutrina que você ouviu de mim. Quanto ao que lhe foi confiado, guarde-o por meio do Espírito Santo que habita em nós”. 2 Timóteo 6-14 (NVI)
Carlos Alberto Bezerra
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