John Piper fala sobre o porquê de Cristo ter vindo ao mundo como Homem para sofrer e nos dar salvação, escrevendo assim a história do Natal

Jesus existia antes de ser concebido no ventre de Maria. Nós, não.

Ele disse: “Eu vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai” (Jo. 16.28). Eu e você não escolhemos nascer humanos. Ele sim.

Em Filipenses 2.6-7 está escrito que “embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a Si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens”. Despojou-se de Si mesmo e quis ser servo. Nenhum de nós faria isso.

Essas coisas nos fazem chegar a uma pergunta: por quê? Deus poderia ter feito as coisas de forma diferente. Então, por que tudo aconteceu do jeito que aconteceu?

Uma das mais profundas respostas bíblicas a essas perguntas é que era “apropriado”. E afirmo isso porque não há nada acima ou fora de Deus que Ele deva encaixar – ou precise dar um jeito – para dar certo. Deus mesmo é a medida de tudo o que é certo e bom, verdadeiro e bonito. Então, dizer que Seus caminhos são “apropriados” é afirmar que se encaixam com quem Ele é. São congruentes, consistentes ou harmoniosos com tudo o que Ele é.

Hebreus 2.10 diz que “ao conduzir muitos filhos à glorificação, convinha que Deus, por causa de quem e por intermédio de quem tudo veio a existir, tornasse perfeito, por meio do sofrimento, o Autor da Salvação deles”. Jesus tornou-se Salvador através do sofrimento. Era apropriado.

Esse não é um detalhe menor. Para Deus, sábio e todo-poderoso, ver algo como supremamente adequado é vê-lo como uma obrigação suprema. Pois Deus nunca faria nada que não fosse apropriado, nem se esqueceria de fazer qualquer coisa que assim fosse.

Isso explica os chocantes sete versículos que vêm logo depois: “Por esse motivo, era vital que Ele se tornasse semelhante a Seus irmãos em todos os aspectos, a fim de que pudesse constituir-se sumo sacerdote misericordioso e leal”. Era vital? Sim. Podemos até interpretar como “era Sua obrigação”. Não obrigado por alguma coisa externa a Deus, mas impulsionado pela sabedoria divina de ver o que era “apropriado”. Deus “tem que” fazer o que é adequado. Não segundo o que aos olhos do homem é ou não considerado assim, mas como o próprio Deus considera.

Entre as duas considerações de Hebreus 2.10 e 2.17, está a grande explicação de por que Cristo tomou a forma humana. Mostra como a encarnação era apropriado, como o Natal era adequado: “Visto que nós, os filhos, somos seres humanos, feitos de carne e sangue, Ele se tornou carne e sangue também pelo nascimento em forma humana; pois somente como ser humano Ele poderia morrer, e morrendo derrotar o poder do diabo, que tinha o poder da morte. Só dessa maneira é que Ele poderia libertar aqueles que durante a vida toda estiveram escravizados pelo medo da morte” (Hb. 2.14-15).

Tornou-se humano porque nós somos humanos e porque o propósito eterno de Deus é ter uma família de muitos filhos parecidos com Jesus. Tornou-se humano para, com Sua morte, derrotar a quem detinha esse poder, o diabo. Tornou-se humano para “libertar aqueles que durante a vida toda estiveram escravizados pelo medo da morte”. Agora, quando os que creem olham para o rosto sombrio da morte, perguntam: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Co. 15.55). Não há mais medo. Não há mais escravidão. Nem agora e nem nunca mais. Essa nova vida e esse grande plano são apropriados.

O Natal aconteceu porque era apropriado. Que neste novo ano que está para começar você possa refletir nisso a cada dia. Que Deus lhe dê, cada vez mais, a mente de Cristo para enxergar a profundidade e beleza do caminho de salvação, e se alegrar no fato de ter agora uma nova vida e no privilégio de ser conduzido pelo Espírito Santo para que outros também possam ser livres.

John Piper

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