O modelo bíblico da música na igreja
Pr. Adhemar de Campos fala sobre a importância da escolha das letras e da profecia nos momentos de louvor em comunidade
O pastor Adhemar de Campos tem um ministério de mais de 40 anos ministrando na a Palavra de Deus através da música na igreja. Alguns anos atrás, ele escrevia sobre o ministério de música para a Revista Ágape, antiga Revista Comuna, publicada pela Comunidade da Graça.
Mesmo que escritos há algum tempo, seus artigos trazem ensinamentos essenciais para um ministério de música que glorifica a Deus na igreja local.
Um chamado para louvar com inteligência
Observando atentamente as Escrituras Sagradas, iremos nos deparar com a seguinte realidade: Aquele que criou os céus e a terra e tudo o que neles há (At. 4.24) é alguém muito inteligente e coerente. Nosso Deus e Pai gerou-nos em Adão (Gen. 5.1-2) e nos regenerou em Cristo (1Pe. 1.3-23) “para que fôssemos como primícias das Suas criaturas” (Tg. 1.18); portanto semelhantes ao Seu primogênito Jesus (Rom. 8.29) e portadores da Sua natureza (2Pe. 1.4).
Assim, concluímos que em Cristo somos inteligentes e coerentes, por isso as Escrituras nos admoestam quanto à qualidade do louvor que podemos oferecer: “Pois Deus é o Rei de toda a terra; cantai louvores com inteligência” (Sl. 47.7 ARC).
Infelizmente, nós, compositores, ministros e músicos que ministram na “Casa de Deus”, não temos, em alguns casos, percebido que as letras que cantamos não se adequam às realidades concretas e positivas pertinentes à Nova Aliança estabelecida por Cristo.
Temos que tomar cuidado para não rebaixarmos os padrões conferidos pela vitória de Cristo na Cruz, através de letras com um sentido às vezes duvidoso e não tão positivo. Por exemplo: “Senhor faze-nos ser um…”. Por acaso, a Nova Aliança não estabelece que na Cruz Cristo nos fez um? Não seria incoerente pedir algo que já existe (Ef.2.14-16)? Vejamos outro exemplo: “Tropeça aqui, oi cai acolá…”, quando a Palavra da Nova Aliança diz: “…não tropeçareis em tempo algum” (2Pe. 1.10); “ora, Aquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar…” (Jd. 24).
Nós, ministros de louvor, temos que ser honestos e, assim, revisar aquilo que temos cantado, a exemplo do que Charles Wesley fazia com suas composições; as quais eram submetidas a uma revisão à luz da Palavra por seu irmão John.
Portanto, é nossa responsabilidade perante Deus cantarmos e levarmos outros a cantarem louvores com inteligência (Sl. 50.23; 119.54).
Profecia e música
O texto de Provérbios 29.18 chama-nos a atenção para uma grande verdade;
“Não havendo profecia o povo se corrompe”. Com tristeza, observamos que muitos em nosso meio têm escolhido o caminho da corrupção, afastando-se da congregação. Existe também o caso daqueles que não deixam a congregação, mas são mornos e correm o risco de serem vomitados (Ap. 3.16).
Por outro lado, muitos têm se corrompido porque não há ministros declarando a palavra profética, quer através da proclamação quer através da música. Devemos tomar consciência de que o elemento profético é de vital importância na proclamação e no ministério de música. Podemos definir a profecia como a declaração da Palavra de Deus e, neste sentido, a Bíblia é uma profecia completa, sem desmerecer, é claro, o dom do Espírito Santo de profetizar (1Co. 12.10).
Temos na própria Bíblia o exemplo de que ela é a profecia de Deus, ou seja, exemplo a nível de proclamação e a nível de profecia cantada. A nível de proclamação temos os profetas Isaías, Daniel, Joel e outros. A nível de cânticos, os Salmos de Davi, Asafe e outros. Em Deuteronômio 31.19 encontramos um claro exemplo do que é a profecia através da música. Moisés escreve um cântico e o entrega a Josué para servir de testemunha de Deus contra os filhos de Israel (v. 19-23), e esta profecia tem um propósito definido.
É interessante observar que as profecias bíblicas tinham um único alvo: Cristo. Isso significa que de modo direto ou indireto todos os profetas apontavam para o Senhor e Sua obra majestosa na Cruz (Lc. 1.68-70; At. 3.18, 24). Sou levado a concluir que este é o modelo de Deus para profecia em todas as gerações. Cristo e Sua obra devem ser o elemento básico da profecia dos nossos dias através dos ministros de Deus. Estou desafiado e comprometido a me servir da música para profetizar em alto e bom som que “Cristo deve ser tudo em todos” (Cl. 3.11).
Você sabe qual é o avivamento desejado por Deus?