Momento crucial de desenvolvimento da civilização, formação da Europa e o papel fundamental da Igreja

Vamos voltar no tempo e entrar na história da Igreja de Cristo durante a genuína Era das “Luzes”. Esse período, que muitas vezes é mal compreendido, abrange a Idade Média, um momento crucial em que a fé cristã desempenhou um papel fundamental na formação da Europa e no desenvolvimento da civilização ocidental.

No início, a Europa estava em ruínas depois da queda do Império Romano. Foi a Igreja cristã que emergiu como uma força unificadora, estabelecendo ordem e liderança em meio ao caos.

A Idade Média não foi uma “Idade das Trevas”, como algumas vezes é chamada. Esse rótulo pejorativo foi criado por filósofos iluministas que desejavam menosprezar a influência positiva da Igreja nesse período, que preservou e desenvolveu o conhecimento greco-romano, promovendo uma síntese entre fé e razão.

Os iluministas do século XVIII propagaram a noção de que a Idade Média era um período de ignorância e superstição. No entanto, historiadores modernos têm refutado essa visão distorcida. A realidade é que a Idade Média foi uma era de inovação, onde avanços tecnológicos ocorreram em uma escala sem precedentes na Europa.

A espiritualidade e a cosmovisão cristã permeavam a sociedade medieval. As pessoas viam o mundo como uma criação de Deus, sujeita a leis racionais que podiam ser compreendidas pela razão humana. Essa abordagem levou a avanços tanto na fé quanto na ciência.

Os valores morais também evoluíram. A escravidão, comum em outras sociedades, foi rejeitada na cristandade, indicando um progresso moral notável. A relação entre o poder civil e religioso resultou em um equilíbrio saudável, conhecido como “Regime da Cristandade”.

Embora a sociedade medieval não fosse perfeita e enfrentasse desafios, os indivíduos encontravam força na fé e na Igreja para superar essas adversidades. Santos, monges, bispos e líderes espirituais surgiram em todos os níveis da sociedade, moldando a história da época.

Nesse cenário, a Europa deve mais à fé cristã do que a maioria das pessoas imagina, pois, quando os bárbaros destruíram o Império Romano no Ocidente, foi a Igreja que assumiu a posição de liderança por três vias: da lei (o direito romano), da busca do conhecimento científico e das expressões da cultura influenciadas pelo pensamento grego, e da moral cristã.

A espiritualidade e a cosmovisão cristã permeavam a sociedade medieval. As pessoas viam o mundo como uma criação de Deus, sujeita a leis racionais que podiam ser compreendidas pela razão humana. Essa abordagem levou a avanços tanto na fé quanto na ciência.

O que unia império e Igreja era o conceito de cristandade. Esse processo começou sob o governo de Carlos Magno no oitavo século, mas os papas foram, aos poucos, assumindo cada vez mais poder. Nos séculos posteriores, entretanto, esses líderes foram corrompidos pelo poder e reformadores entraram em cena clamando por mudança. 

Os reformadores procuraram corrigir abusos e excessos dentro da Igreja. A busca por mudança levou a momentos de conflito e desafio, mas também contribuiu para a contínua reforma da Igreja.

Em resumo, a Igreja de Cristo desempenhou um papel crucial como “luz” em meio às “trevas do barbarismo”; por isso, é justo considerar a Idade Média como a genuína “Era das Luzes”. Essa época não foi uma “Idade das Trevas”, como é frequente e injustamente retratada. Pelo contrário, foi um período de progresso, inovação e reforma constante, onde a fé cristã e a cultura se entrelaçaram para moldar a Europa e preparar o terreno para a civilização moderna.

Indulgências, poder e consequências

A cultura europeia na Idade Média se tornou unitariamente cristã. Essa penetração da Igreja na vida civil fez-se notar especialmente no setor da política: Estado e Igreja se viram intimamente associados na procura da “Cidade de Deus”, onde o Clero e o Império deveriam colaborar entre si para implantar o espírito do Evangelho na vida pública.

Embora houvesse forte influência cristã, a Idade Média ainda trazia marcas da fraqueza humana. Era uma sociedade com uma moral feroz e impura. A barbárie gerou o feudalismo violento. Foi nessa realidade que a cristandade lutou bravamente para fazer vencer a justiça e a dignidade humana, e conseguiu.

A Igreja Medieval usou a filosofia para desenvolver sua própria teologia e doutrina, e contribuiu para a formação do pensamento ocidental. A partir dos escritos preservados pela Igreja, os estudiosos medievais puderam aprofundar-se em questões filosóficas, teológicas e morais, desenvolvendo assim a escolástica, um método de estudo que se tornou fundamental na formação da teologia cristã. Dessa maneira, a valorização da razão e da moralidade, a busca pela harmonia entre fé e razão e a ênfase na lei natural contribuíram para a formação de uma sociedade que valorizava a justiça, a moralidade e o bem comum.

Infelizmente, a prática de venda de cargos eclesiásticos, benefícios ou sacramentos e a influência do Estado nas nomeações de bispos e outros cargos na igreja geraram profunda corrupção, prejudicando a eficácia e o desenvolvimento da Igreja. Essas práticas levaram a conflitos entre o papado e os governos locais ou nacionais, resultando em cismas ou divisões.

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