Jesus nos deixou um propósito claro como Sua igreja nesta terra: ensinar as pessoas a serem parecidas com Ele. Temos cumprido esse chamado em nossas igrejas locais?

“O maior desafio que a igreja enfrenta hoje é a formação de discípulos autênticos de Cristo”. Essa é uma das frases registradas no livro “A grande omissão”, de Dallas Willard, que tem se tornado já um clássico da filosofia cristã contemporânea. Nele, um dos pensadores cristãos mais prolíferos do nosso tempo, faz uma brincadeira de palavras com o nome de como é popularmente conhecido o texto de Mateus 28.19-20 – A Grande Comissão – para falar das dramáticas consequências de ser cristão sem se tornar um discípulo.

O termo “discípulo” aparece na Bíblia mais de 250 vezes no Novo Testamento, enquanto “cristão” ocorre apenas três vezes.

O Novo Testamento, portanto, é um livro escrito por discípulos, que fala sobre discípulos e é para discípulos de Jesus Cristo. Assim, Willard é enfático quando afirma que, ao longo da história, a igreja permitiu duas omissões à Grande Comissão proferida por Jesus: “omitimos a tarefa de fazer discípulos e levar as pessoas a serem aprendizes de Cristo e omitimos, por necessidade, o passo de acompanhar nossos convertidos num treinamento que os levará, cada vez mais, a fazer o que Jesus ordenou”.

O preço da falta de discipulado é a ausência de paz duradoura, de uma vida inteiramente imbuída de amor, da fé que considera tudo à luz do controle absoluto de Deus, visando o bem e o poder de fazer o que é certo e resistir às forças do mal. Tristemente, muitas igrejas hoje pagam um alto preço por se omitirem na verdadeira missão de formar discípulos. Suas cadeiras estão cheias de crentes, mas e os discípulos de Cristo? Desses há poucos andando pelas ruas. Senão, a realidade do nosso país e da igreja evangélica brasileira, seria muito diferente.

Fazer discípulos significa que nós cristãos vamos trabalhar com as pessoas e compartilhar a nossa vida para ajudá-las a serem mais parecidas com Jesus, como nós somos.

Um chamado à continuidade

Somos os continuadores do ministério de Jesus. Ele é o primogênito, o primeiro de uma nova geração de homens e mulheres transformados em Seus irmãos. É como uma corrida em que os atletas passam a responsabilidade para o seu companheiro. Quem toma a responsabilidade a seguir não pode correr para outro lado, parar de correr, ou fazer qualquer outra coisa, deve continuar. Mesma direção, mesmo propósito, mesmo alvo, mesmo objetivo. E assim é conosco.

Jesus veio para buscar todo aquele que se havia perdido e nos oferecer uma salvação poderosa. Paulo diz que somos justificados pela fé e temos paz com Deus por intermédio do nosso Salvador. Deus vê agora homens justos e santos, por causa da obra que Jesus veio fazer. Ele deu Seu filho unigênito para que todo aquele que viesse a crer ganhasse essa poderosa salvação. Para quê? Para cumprirmos duas tarefas fundamentais: pregar o Evangelho e fazer discípulos!

Membros do Corpo e discípulos do Mestre

A igreja em Jerusalém nasceu com 3.120 pessoas. 120 foram cheias do Espírito Santo, Pedro se levanta para anunciar o Evangelho e 3 mil se convertem. Começa, então, muito trabalho para constituir uma comunidade que haveria de expressar o propósito de Deus naquela cidade. Esse trabalho foi centrado no aspecto de ensinar, ministrar, mostrar, falar e levar outros a experimentarem a mesma graça que eles já haviam experimentado. Reuniam-se no pátio do templo, ao ar livre e viviam uma vida que tinha significado. E nós somos continuadores desse ministério (At. 2.42-47).

Somos herdeiros dessa mensagem, dessa proclamação e dessa família que nasceu em Jerusalém. Ali nós devemos estabelecer os critérios do nosso ministério e das nossas vidas. Os apóstolos tinham a responsabilidade de estabelecer o firme fundamento daquela comunidade. Era a doutrina que eles tinham aprendido diretamente com Jesus, relacionada com a vida diária de cada um.

Além de perseverar na doutrina apostólica, aqueles homens e mulheres – e nós agora – perseveravam na comunhão. Ela é fruto da sensibilidade gerada pelo discernimento das carências do nosso semelhante. Comunhão que gera compaixão, que estende a mão e cuida do irmão que passa por crises, tentações e dificuldades. Um tipo de relacionamento em que um cuida do outro, um serve ao outro.

A terceira coluna da edificação é o partir do pão. Não é comer uma boa refeição juntos, mas participar da mesa do Senhor, do corpo e sangue de Cristo, lembrando do que Ele fez por nós. É uma forma de confessar nossa nova identidade. Isso era diário e fortalecia sua fé. Ao comer o pão, diziam: eu sou parte do corpo vivo de Jesus.

E a última estaca fundamental na construção da igreja e na formação de discípulos é perseverar nas orações. O que é isso? Trata-se da nossa intimidade com Deus. Do tempo que separamos para estar com Ele no secreto. Somos muito ativistas, gostamos de trabalho. Vivemos correndo atrás de coisas para fazer na igreja de Deus para nos sentirmos úteis. Mas não fomos chamados para fazer, fomos chamados para ser. Ser discípulos de Jesus.

Não há ministério que não comece no altar, no secreto com Deus. Fomos chamados para desempenhar uma tarefa sobrenatural e ela não se cumpre com nossa boa vontade ou ativismo religioso, só com a plenitude do Espírito Santo. Nós seremos aprovados naquele dia por nossa intimidade com Ele.

Precisamos voltar ao discipulado

Realmente, como Willard afirmou, as consequências de termos cristãos que não são discípulos de Cristo são dramáticas. Os primeiros discípulos viviam em unidade e estreita comunhão, nas casas e no templo, a ponto de terem tudo em comum. A maioria dos nossos irmãos de hoje têm um momento de contato superficial apenas durante os cultos, e passam toda uma vida isolados e voltados para si mesmos.

Jesus Cristo deu uma ordem clara à Sua igreja e é vital e urgente que retornemos ao conceito bíblico de igreja e discipulado. Que vivamos como verdadeiros cristãos, cheios do Espírito Santo, “sentindo o mesmo amor, tendo o mesmo ânimo” (Fp. 2.2-4) e a mesma atitude de Cristo Jesus: caminhando em todo tempo para formar discípulos.

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