Pastor Carlos Alberto Bezerra fala sobre um cristianismo que está bem longe de utopia

Se você tivesse a oportunidade de descrever seu mundo ideal, como ele seria? Se perguntarmos a uma criança, provavelmente ela responderia que cheio de castelos e princesas, ou um local onde pudesse passar o dia inteiro brincando. Já nós, com certeza falaríamos que o mundo ideal carece de problemas e imperfeições, um local onde todos são felizes e ninguém sente falta de absolutamente nada, ou onde todos os desejos do coração são atendidos prontamente.

O dicionário define utopia como um lugar ou estado ideal, de completa felicidade e harmonia entre os indivíduos. A palavra foi criada a partir do grego: “u” (prefixo de negação) e “tópos” (lugar), portanto, o “não-lugar” ou “lugar que não existe”. Lamentavelmente para muitos, o Reino de Deus tem se tornado exatamente isso, algo irreal, uma fantasia.

Por desconhecerem sua nova identidade em Cristo, muitos têm levado uma vida espiritualmente medíocre. O apóstolo Paulo, escrevendo aos irmãos de Corinto, assim declarava: “Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo e por nosso intermédio exala em todo lugar a fragrância do seu conhecimento; porque para Deus somos o aroma de Cristo…” (2 Co. 2.14-15).

Ali, ele apresenta sincera gratidão a Deus, pois, apesar das circunstâncias em que viviam os coríntios, eles experimentavam um estímulo diário de vida vitoriosa. O segredo era o que Cristo fazia com eles: carregava-os sempre em triunfo!

É muito triste observar pastores, líderes, cristãos novos – ou velhos – vivendo em altos e baixos, caindo e levantando-se; num viver e conduta inconsistentes daqueles que se dizem filhos de Deus. A desculpa que muitos apresentam quando confrontados está ancorada no relativismo e na imagem criada – e, portanto, irreal – de que o Reino de Deus “não é bem aquilo que Jesus trouxe até nós, mas uma metáfora”. Essa é a evidência inequívoca da falta de conhecimento e fé no Deus Todo-Poderoso.

O verdadeiro Evangelho

Ao longo das eras temos visto diferentes revoluções gerando mudanças políticas e sociais no mundo todo. Mas, assim como elas surgem, também morrem. Os fatos nos ensinam que a única revolução que tem sobrevivido ao passo do tempo é o Cristianismo. Sabe por quê? Porque ele não aponta a mudar instituições ou sistemas político-econômicos, aponta à transformação do coração do homem, o que, inevitavelmente, levará transformação a todas as outras coisas. Na atual conjuntura mundial, muitos acham que isso é impossível, e evidentemente se esquecem de que os impossíveis do homem são os possíveis de Deus (Lc. 1.37; Jó 42.2). Deus não é Deus de confusão. Suas palavras e Suas promessas são cumpridas hoje.

Em seu livro “Vida cristã normal”, Watchman Nee declara que “o cristão é uma pessoa que não vai ganhar o que já ganhou e nem vai pagar o que já foi pago. Ele proclama sua vitória em Cristo Jesus”.

Qual é, então, o Evangelho que deve ser pregado? É o que anuncia que, como resultado da nossa morte e ressurreição com Cristo, já estamos completos. Em Jesus, Deus nos regenerou, justificou, santificou, purificou e nos deu sabedoria e vida abundante como fruto de Sua graça. Ter Cristo é ter a Sua pessoa, Seu poder, Seu caráter e Sua vida abundante: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente” (Jo. 10.10).

Portanto, descobrimos que a vida cristã não é imitação de Cristo, mas identificação e expressão efetiva da Sua vida: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl. 2.20).

Esta é a vida frutífera e vitoriosa que Deus planejou para nós. Não existem altos e baixos. É uma vida de vitória completa que Ele nos proporciona, de glória em glória. Não importa a idade, o sexo ou a ocupação na igreja local. Todos foram chamados para uma vida abundante, 24 horas por dia, todos os dias da nossa vida (Rm. 8.37). E isso não é nenhuma utopia!

Há uma mudança real quando descobrimos nossa posição em Cristo e experimentamos pela fé esta realidade. Seria um grande contrassenso Deus planejar para o homem um estilo de vida que ele jamais poderia experimentar. Sua palavra declara: “Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem” (1 Pe. 1.15).

Imagine a incoerência de Ele dar um mandamento e não oferecer o caminho para obedecê-lo. É utopia!

Nova vida, nova natureza

Portanto, fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova” (Rm. 6.4).

Cristo é o primogênito de uma nova geração de homens e mulheres que nasceram da divina semente, a Palavra de Deus. A falta de conhecimento e experiência com essas verdades tem produzido um cristianismo utópico e sem poder, um cristianismo de fachada, já que a vida foi substituída pelo legalismo religioso. A ênfase maior tem repousado no fazer, e não no ser; numa mudança de comportamento, e não na mudança de natureza. No entanto, uma vida abundante verdadeira é oriunda de uma nova criação.

A nova criatura é aquela que conhece sua posição legal em Cristo e, como resultado, ela é uma realidade absoluta e prática desta verdade. Precisamos conhecer, confessar e proclamar o poder deste Evangelho que é a salvação para todo aquele que crê (Rm. 1.16). Cristianismo é “Cristo em vocês, a esperança da glória” (Cl. 1.27).

Carlos Alberto Bezerra

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