Pesquisa do Barna Group mostra como a pandemia e a quarentena afetaram os adolescentes e jovens, criando novas tendências e hábitos. Entenda como a igreja pode responder a eles

A pandemia do novo coronavírus mudou a maneira como fazemos diversas coisas: como nos relacionamos, como compramos, como nos encontramos com outras pessoas e também como “somos” e “fazemos” igreja. Já faz mais de cinco meses que boa parte de nossas igrejas locais tem se reunido online e experimentado maneiras diferentes de continuar levando a Palavra de Deus e alcançando as pessoas.

Diversos estudos mostram como alguns dos impactos desse período de distanciamento social tendem a ser permanentes e fala-se muito de um “novo normal”. Isso é sim uma realidade, mas alguns grupos têm sentido um pouco mais essas mudanças, exigindo uma resposta inclusive da igreja.

Já uma geração “diferente”, os jovens e adolescentes costumam pedir programações e meios de comunicação que façam sentido para eles, dando-lhes a chance de ter um encontro profundo e transformador com Jesus.

Com o distanciamento social e o aumento do online, seus hábitos mudaram ainda mais e é preciso estar pronto para chegar a eles. Não é à toa que diversos líderes e pastores já têm enfrentado alguns desafios para lidar com os membros mais jovens de suas igrejas locais.

4 tendências que tem influenciado o discipulado das próximas gerações

Baseado em seus estudos aprofundados sobre cada geração e nas pesquisas que têm realizado desde o começo da pandemia, o Barna Group destacou quatro novas tendências dos grupos mais jovens – que parecem ter chegado para ficar – e como as igrejas locais podem responder a elas para continuar a se comunicar bem e alcançar todas as idades.

Uso de telas

Muita antes do distanciamento social, as gerações mais jovens (e seus pais) já lutavam com questões envolvendo o tempo em que interagiam com as telas – fossem elas dos seus smartphones, da televisão ou dos computadores. Por isso, a inovação no ministério com jovens e adolescentes requer conectar-se de maneira criativa com os “nativos digitais”.

Diversos estudos confirmam que os Millennials (nascidos entre 1981 e 1996) e a Geração Z (nascidos entre 1997 até o início dos anos 2010) admitem que aumentaram significantemente seu uso diário de telas durante a pandemia. E uma pesquisa do próprio Barna mostra que a maioria dos pastores norte-americanos (85%) está preocupada com esse aumento, mas um número muito semelhante (86%) afirma não ter planos em sua igreja local para ensinar maneiras mais sábias de usar a tecnologia.

Solidão e ansiedade

De acordo com uma pesquisa global feita com mais de 15 mil pessoas entre as idades de 18 e 35 anos, apesar de serem a geração mais digitalmente conectada, os jovens adultos e adolescentes são muito propensos a sentimentos de solidão e ansiedade. A preocupação com a saúde mental de todos – tanto os mais jovens quanto os mais velhos – cresceu muito desde o começo da pandemia, seja por conta de estresse financeiro, distanciamento social ou, até mesmo, a perda de pessoas queridas.

No webcast “Caring for Souls in a New Reality” (“Cuidando de almas em uma nova realidade”, em tradução livre), realizado pelo Barna Group, foram reportadas as necessidades e preocupações dos grupos mais jovens desde o começo da pandemia, comparando suas respostas às das outras gerações. No final de maio, um a cada três millennials disseram estar com necessidades e alimentos e outros suprimentos, suporte emocional e assistência financeira. Um a cada cinco disseram que se sentiam sozinhos o tempo todo, um quarto um pouco por dia e 21% pelo menos uma vez na semana. Somente um a cada três não enfrentaram momentos de solidão, diferente de metade da Geração X (1965 a 1980) e dos Baby Boomers (1943 a 1964), por exemplo.

Desenvolvimento na fé

Historicamente, a Geração Z e os Millennials têm menos tendência de se conectar com uma igreja. Pensamentos comuns a esses públicos são: “a igreja não é relevante para mim pessoalmente”, “eu encontro Deus em todo lugar”, “não preciso de uma igreja para estar perto de Deus” ou “posso aprender sozinho o que eu preciso saber”.

Uma pesquisa do Barna revelou que um a cada cinco jovens com um histórico no cristianismo abandonou a fé. No entanto, muitos ainda não o fizeram e podem estar buscando maneiras de se firmarem. A pandemia também trouxe à tona essa necessidade de ter um grupo de apoio, de fazer parte de algo, o que pode ajudar a atrair tantos jovens e adolescentes a um relacionamento com Jesus e com o Seu Corpo. Por isso, é preciso encorajar o discipulado de jovens e adolescentes e ajudá-los a se firmarem na fé.

Evangelismo

No relatório “The Future of Missions” (“O future das missões”, em tradução livre), o Barna apresentou conversas importantes que pastores, líderes e pais deveriam ter com a próxima geração sobre evangelismo e missões. Estudos mostram que ainda que sete a cada 10 adolescentes e jovens digam achar que missões têm um grande valor na igreja, muitos ainda hesitam em compartilhar sua fé.

Uma pesquisa desenvolvida em 2019 revelou que 47% dos Millennials que são cristãos praticantes acha que evangelismo é errado. Em tempos em que o relacionamento um a um migrou para o digital, esse desafio fica maior ainda.

Por isso, é muito importante que a Grande Comissão seja pregada e explicada com frequência nos ministérios mais jovens. É extremamente necessário ensiná-los não só a como evangelizar pessoas, mas por que isso é tão importante.

Como responder a isso?

Em primeiro lugar, é essencial que líderes e pastores de jovens e adolescentes estejam atentos a esses fatores – que vêm se desenvolvendo a alguns anos, mas acabaram se tornando mais fortes durante o tempo de pandemia e quarentena – e conheçam muito bem o grupo de que cuidam, procurando sempre entender seus anseios, necessidades e desejos.

É muito importante que a igreja local esteja preparada para lidar com as gerações mais jovens e abraçá-las em amor, levando-as para um encontro profundo e transformador com Cristo.

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