As duas práticas são – e devem ser – comuns em uma igreja local, mas você sabe quais as diferenças entre elas?

Provavelmente, em sua igreja local, você já viveu dois tipos de situação: alguém que pediu para se discipulado por você e alguém que já pediu para ser mentoreado por você. Muitos de nós, erroneamente, acabam considerando essas duas práticas como a mesma coisa. No entanto, elas são bem diferentes e precisamos ter em mente quais exatamente são essas diferenças.

A questão é que tanto mentoreamento quanto discipulado são extremamente importantes em nossa vida como corpo de Cristo nesta terra. Ambos têm a ver com relacionamento um a um. Ambos envolvem aconselhamento e outros conteúdos em algum nível. Ambos estão focados em ajudar uma pessoa a aprender e crescer. Mas existem diferenças importantes e, uma delas, é que discipulado tem uma natureza espiritual, é parte integral do Reino de Deus para o crescimento.

Características fundamentais do discipulado

Podemos sim ser mentores em nossas igrejas locais, mas precisamos nos lembrar de que o nosso chamado é de sermos também fazedores de discípulos, discipuladores. E, nesse sentido, é muito importante que tenhamos em mente as características fundamentais do discipulado, que o tornam tão diferente do mentoreamento:

É uma ideia de Deus

O discipulado é uma questão de obediência, ao respondermos ao mandamento de Jesus de “ir e fazer discípulos” (Mt. 28.19). E a ideia de fazer discípulos não parte da nossa natureza humana, é algo sobrenatural, parte do design de Deus para o processo de transformação de um cristão.

Portanto, discipulado tem um foco específico: estar perto de uma pessoa e investir nela espiritualmente para que se torne uma seguidora de Jesus. É uma ideia de Deus, não nossa e, por isso, envolve o Seu poder e a Sua presença (Mt. 28.18-20). Para que exista uma relação de discipulador e discípulo, é essencial que haja um trabalho colaborativo com o Senhor.

É Deus quem causa o crescimento

Ainda pensando no sentido de trabalhar com Deus, precisamos ter a noção de que, assim como o apóstolo Paulo diz em 1 Coríntios 3.5-9, é Ele quem faz as pessoas crescerem. Conforme compartilhamos a Palavra com aqueles a quem acompanhamos em uma relação de discipulado, somos como quem planta ou rega uma semente. Trabalhamos em conjunto com o que o Espírito Santo já está fazendo naquela vida.

Nesse processo, é muito importante que estejamos sensíveis à voz do Espírito Santo para entender onde as pessoas estão em seu crescimento espiritual, o que já têm – ou não – maturidade para ouvir e entender. Também precisamos criar uma atmosfera de crescimento, orando sempre e formando um relacionamento saudável.

É um relacionamento com propósito

O discipulador é responsável por compartilhar as verdades da Palavra através de uma plataforma relacional de confiança e vulnerabilidade. Não podemos ser melhores amigos de todo mundo ou nos envolver emocionalmente com todas as situações trazidas a nós. Por isso, não tem como querermos abraçar o mundo e discipular milhares de pessoas, precisamos pedir a ajuda do Espírito Santo e ser intencionais, nos relacionarmos com um propósito.

Há um compromisso mútuo em um relacionamento de discipulado em que o discipulador traz investimento intencional. É como alimentar uma criança, por exemplo. Há fases em que recebem apenas leite; depois, vem a comida sólida e, só então, carne. No livro de Hebreus, vemos que muitos precisavam de “leite” mesmo quando já estavam prontos para receber “comida sólida” (Hb. 5.12). O objetivo é todos, eventualmente, possam ensinar outros.

Tem a ver com formar Cristo

Por fim, diferente de um mentoreamento, que tem a ver com aconselhamento em áreas específicas, discipulado envolve formar Cristo em outra pessoa. O propósito desse processo é que aqueles a quem discipulamos se tornem cristãos fortes e frutíferos, cada vez mais parecidos com Jesus, para que possam também ir e ensinar outros (2Tm. 2.2).

Isso não pode sair da nossa mente quando alguém nos pede para ser discipulado. Todo o propósito desse relacionamento intencional é que Cristo possa ser formado e outras pessoas possam ser alcançadas pelo Evangelho e, também, se tornem discípulos cheios de frutos.

Mentoreamento X discipulado

Mentores aconselham e influenciam aqueles a quem oferecem ajuda. Podem se encontrar intencionalmente ou, até mesmo, compartilhar a Palavra, mas isso não é uma regra. Um discipulador, por outro lado, investe intencional e espiritualmente na vida dos discípulos. Há um compromisso mútuo de compartilhar a Palavra, orações e os altos e baixos da vida, crendo que Deus vai trazer crescimento e força.

É Deus quem lidera, dá suporte e traz o crescimento que transforma. Nosso objetivo como fazedores de discípulos fica claro em Colossenses 1.28: apresentar “todo homem perfeito em Cristo”.

Tenha a ideia de discipulado clara em sua mente e em seu coração. Esse é o chamado que o Senhor Jesus nos deixou, é o trabalho a que temos que nos dedicar todos os dias das nossas vidas. O mentoreamento e muito importante, mas não pode substituir nossa função como fazedores de discípulos, como aqueles que investem em fazer com que as pessoas que se achegam a nós se tornem cada vez mais parecidas com Cristo.

Dana Yeakley

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