Somos mais fascinados pelas práticas da vida cristã ou pela Pessoa de Cristo?

Nós cantamos muitas músicas e queremos realmente ser santos, mas a atração que sentimos em relação à santidade pode ser apenas uma versão de uma tentação comum: tentar viver a vida cristã sem Cristo.

Substituir discipulado por técnica, adoração por entusiasmo emocional, comunhão por uma lista de regras ou práticas espirituais – é um fato surpreendente que podemos nos tornar especialistas na vida cristã sem nos aproximarmos de Cristo.

Os de mentalidade religiosa sempre foram atraídos para essa “santidade” sem Cristo. Vemos isso nos fariseus, aqueles túmulos de homens ambulantes, pintados de branco por fora, enquanto os ossos mortos chacoalhavam por dentro (Mt. 23.27). Vemos isso nos falsos mestres em Colossos, que se gabavam de “religião autocriada, ascetismo e severidade para com o corpo” enquanto sua carne desfrutava de um banquete (Cl. 2.23 ). E muitos de nós vemos traços disso em nós mesmos.

É claro que a santidade baseada em meras táticas e disciplina não é santidade, não importa quão brilhante pareça do lado de fora. Autossantificação é um nome melhor para essa busca. Na maioria das vezes, os autossantificadores simplesmente caem nos mesmos pecados repetidas vezes. Impotentes como um ramo à parte da videira (Jo. 15.4-5 ), eles não podem resistir ao fascínio do segundo olhar, do terceiro episódio, da quarta bebida. São paralíticos mandando-se andar. Muitos de nós ainda podem sentir a dor das repetidas quedas. Na verdade, só há uma coisa pior do que falhar na autossantificação: ter sucesso.

Paulo nos dá um dos retratos mais vívidos de auto santificadores “bem-sucedidos” em Colossenses 2:16-23 . Com uma vontade de ferro, eles guardam cuidadosamente sua lista de regulamentos, a maioria deles autoimpostos: “não mexa, não prove, não toque”.
Eles lidam duramente com seus próprios corpos a fim de chicotear suas concupiscências em submissão (Cl. 2.23). Parecem espirituais, até mesmo místicos, falando de anjos e “os descrevendo em detalhes sobre visões” (Cl. 2.18). Mas então vem a avaliação devastadora: toda a sua disciplina e autocontrole“não contribuem para vencer os desejos da natureza pecaminosa” (Cl. 2.23).

A autossantificação meramente troca os pecados externos por pecados internos: pornografia por orgulho, gula por ganância, explosões de raiva por desprezo silencioso. E por quê? Porque em todo o seu fervor pela pureza moral, os autossantificadores se recusam a “[agarrar-se] à Cabeça” – isto é, eles se recusam a confiar e amar Jesus (Cl. 2.19). A composição da virtude exterior esconde a verdade dura: são sem vida como um membro decepado.

Santidade só é possível com a união com Cristo

Quando separamos a santidade do próprio Cristo, a busca por ela se torna, inevitavelmente, mecânica ou individualista – a solução para uma equação espiritual ou o efeito de minha vontade bruta. Mas a santidade genuína não é mecânica nem individualista: é, em primeiro lugar, relacional.

E, assim, quando Paulo vira a esquina de Colossenses 2 para Colossenses 3, ele desvia nossos olhos da futilidade da autossantificação para a própria santidade: “Uma vez que vocês ressuscitaram para uma nova vida com Cristo, mantenham os olhos fixos nas realidades do alto, onde Cristo está sentado no lugar de honra, à direita de Deus. Pensem nas coisas do alto, e não nas coisas da terra. Pois vocês morreram para esta vida, e agora sua verdadeira vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl. 3.1-3 NVT).

Nossa verdadeira vida está escondida com Cristo, o Santo. Nossa união com Ele agora nosso torna santos. Mas para viver essa santidade aqui, devemos “buscar as coisas que são de cima, onde Cristo está”.

Como, então, podemos evitar que a busca da santidade se torne um escudo que nos afasta de Cristo? 

Precisamos desesperadamente do Espírito Santo que habita em nós para diariamente nos atrair a Cristo (Jo. 16.14 )

Quando nos sentarmos para ler, orar ou ouvir a Palavra de Deus, não devemos nos contentar com nada menos do que a comunhão com o Cristo vivo. Essa intimidade só vem com o entendimento do nosso pecado, do sacrifício de Jesus na Cruz e da experiência de sermos cheios do amor do Pai através de Jesus.

Quando nossas vidas foram reconhecidas e marcadas pela santidade?

É quando estamos mais apaixonados por Jesus. É quando estamos cheios de fé em Suas promessas para que vivamos de acordo com elas. É quando o Evangelho nos transforma, de modo que ele dita as prioridades da vida.

Nós somos mais santos quando estamos mais satisfeitos e felizes em Jesus.

A santidade é fundamentalmente uma questão de afeto, não uma questão de comportamento. Não é que nossos comportamentos não importem – eles importam muito. Só que nossos comportamentos são sintomáticos. Eles são o resultado de nossas afeições da mesma forma que nossos comportamentos são o resultado de nossa fé (Tg. 2.17).

A verdadeira santidade é um estado de deleite, de prazer. E quanto mais da verdadeira santidade experimentarmos, mais plena será nossa alegria e maiores nossos prazeres! Assim, o chamado de Deus para avançar mais e mais na santidade é um convite à alegria! Sua maior felicidade acaba sendo a “santidade sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb. 12.14).

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