Pastor Ralph Neighbour fala sobre a centralidade de Cristo na igreja

Há diversas perguntas importantes a nos fazermos quando se trata de ministério. Uma delas é: qual é a minha visão? A verdade é que precisamos nos aprofundar mais nessa questão, entendendo se temos uma visão ou se a visão nos tem. Há uma grande diferença entre as duas situações.

Quando temos uma visão, nos comprometemos com ela, mas quando perde seu brilho, a abandonamos. No caso do apóstolo Paulo, por exemplo, era diferente – a visão o tinha (At. 20.24). Por isso, quando foi avisado do perigo, disse não ter mais a sua vida como importante, que terminaria sua carreira vivendo a visão que recebeu de Jesus.

Paulo foi cativado pelo que Cristo deu a ele. E assim deve ser conosco. Seja para pastorear ou liderar uma célula, precisamos deixar que a visão nos tenha. É isso que define o tipo de igreja que vamos construir.

A igreja que Deus quer construir através de nós

Outra pergunta importante que devemos nos fazer é: que tipo de igreja Deus quer construir através da minha vida? Pastores que tentam construir suas próprias igrejas cometem um grande erro, porque Cristo disse que Ele mesmo edificaria a Sua igreja (Mt. 16.18). Quando somos cativados pela visão que o Cristo que habita em nós tem, nossa vida e nossa igreja são transformadas.

Em nossa geração, há quatro tipos de igrejas sendo edificadas:

1. Igreja de consumidores: uma igreja que dá às pessoas entretenimento para que se sintam bem e voltem. Hoje, há centenas de igrejas cheias de consumidores, e pastores que transformam seus membros nisso.

2. Igreja de programas: uma igreja que atrai pessoas com seus programas. O problema aqui é que não há interesse em cuidar uns dos outros, mas simplesmente em encaixar pessoas em eventos.

3. A célula que começa a viver uma vida verdadeira: aqui é quando começamos a edificar a vida uns dos outros (Fp. 2.4), quando investimos nas unidades básicas do Corpo de Cristo. Esta é a igreja que Deus quer que construamos: uma comunidade formada e batizada pelo Espírito Santo. Cada membro é liderado pelo Cristo encarnado, que edifica e revela Sua presença, poder e propósito através dele.

4. Expansão do Reino de Deus: a igreja que é edificada quando somos enviados como células e congregações ao mundo para expandir o Reino de Deus.

Você consegue identificar em qual delas você se encaixa?

A centralidade de Cristo na igreja

Deus está edificando Sua igreja como corpo. Isso requer que vivamos em unidade para que possamos ser a igreja verdadeira e revelar quem Ele é em todas as dimensões. Em Efésios 2.22-23, Paulo explica bem essa verdade: “Deus submeteu todas as coisas à autoridade de Cristo e o fez cabeça de tudo, para o bem da igreja. E a igreja é seu corpo; ela é preenchida e completada por Cristo, que enche consigo mesmo todas as coisas em toda parte” (NVT).

A coisa mais importante sobre cada um de nós é que possuímos a plenitude da trindade. Nós somos a face de Deus, e Ele nos une para que sejamos o Seu corpo. Cristo, o cabeça, Se revela através da atividade dos membros desse corpo. Isso quer dizer que o que precisamos fazer é expressar a plenitude de Cristo como um corpo.

Recebemos poder e autoridade em Jesus, então o Espírito Santo une todas as atividades – assim como o nosso sistema circulatório conecta tudo ao cérebro.

O problema é que muitos se convertem e não entendem essa realidade, então acabam se tornando partes desmembradas do corpo. Tem coisa pior que isso? É aí que surgem expressões seletivas de Cristo.

Nossas experiências e observações do passado – nossos filtros – criam uma barreira para toda nova verdade que vem a nós. Assim, alguns de nós construímos a nossa reputação em um sistema não-bíblico e temos medo de perder nosso significado se abandonarmos essa vida de uma igreja morta. Medo do que as pessoas vão dizer se fizermos alguma coisa diferente.

O que precisamos fazer é não estarmos mais satisfeitos com o que já vimos dele. Precisamos perseguir Cristo. Nossa experiência nele precisa ser cristalizada como concreto endurecido.

Quando encontrou Cristo, Paulo ficou cego. A partir daí, ele dedicou sua vida a conhecer mais daquele que o libertou. Em Filipenses 3, o apóstolo afirma que ainda não alcançou o alvo, que precisa conhecer mais: “Quero conhecer a Cristo e experimentar o grande poder que o ressuscitou. Quero sofrer com ele, participando de sua morte, para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dos mortos! Não estou dizendo que já obtive tudo isso, que já alcancei a perfeição. Mas prossigo a fim de conquistar essa perfeição para a qual Cristo Jesus me conquistou. Não, irmãos, não a alcancei, mas concentro todos os meus esforços nisto: esquecendo-me do passado e olhando para o que está adiante, prossigo para o final da corrida, a fim de receber o prêmio celestial para o qual Deus nos chama em Cristo Jesus” (v. 10-14 NVT).

Será que podemos dizer: Cristo, eu quero conhecer mais de Ti? Quero gastar mais tempo na Sua presença? Como tem sido a nossa vida de oração?

Cristo é TUDO e está em todos. Considere isto: o desejo dele é ser expresso como tudo pelo seu novo corpo, a Eclésia. Por isso, a célula não é uma atividade da igreja local, ela representa o corpo de Jesus.

Ele tem tudo de você?

O que temos feito ao belo corpo de Cristo? O Espírito Santo quer revelar o amor Ágape através de nós, as pessoas saberão que somos cristãos pelo nosso amor. Precisamos parar com esse senso de que a célula é só uma parte do corpo – ela é vida, é o próprio corpo de Cristo aqui na Terra.

Nós temos tudo de Cristo. Será que Ele tem tudo de nós? A única coisa que Jesus espera de nós, líderes, é que O deixemos liderar. Somos apenas servos. Quando levamos nossas células a reconhecerem que são a expressão da presença e do poder de Cristo, Ele será o evangelista e revelará Sua presença através do Seu poder.

O verdadeiro corpo de Cristo manifesta Sua glória, Seu poder e Sua presença.

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