Orando com base em valores eternos
O modelo de oração de Paulo pela igreja de Colossos
Lendo a Bíblia e olhando para os pais da fé, percebemos que seus momentos de oração não estavam regados de chavões ou frases feitas. De fato, parece que dedicavam seus pensamentos para escolher quais eram as palavras que seriam proferidas. Como se procurassem argumentos profundos para apresentá-los nas conversas com Deus.
O próprio Jó, passando por adversidades, abre sua boca desesperadamente – como, talvez, muitos de nós já fizemos – e declara: “Se ao menos eu soubesse onde encontrar a Deus, iria a seu tribunal. Exporia minha causa e apresentaria meus argumentos. Ouviria sua resposta e entenderia o que ele me dissesse” Jó 23.3-5 (NVT).
Um livro escrito por Spurgeon, chamado “A oração eficaz”, diz sobre a oração de Jó: “Há uma ideia popular de que a oração é uma coisa muito fácil, uma espécie de atividade comum que pode ser feita de qualquer forma, sem nenhum cuidado ou esforço. (…) Ora, nenhum desses modos de orar foi adotado pelos santos do passado. (…) Assim como um peticionário não vai a uma corte impulsivamente, sem antes pensar no que vai dizer, mas entra na sala de audiências com seu processo bem preparado, tendo também aprendido como deve se comportar diante da grande autoridade a quem vai apelar, da mesma forma é bom que nos aproximemos do trono do Rei dos reis, tanto quanto possível, com premeditação e preparação, sabendo o que fazemos, qual a nossa posição e o que desejamos obter.”
Às vezes nos preparamos tanto para o nosso dia a dia, e acabamos dando a Deus o pior tempo. Não pensamos no que vamos dizer, oramos sem saber ou lembrar do que pedimos, e muito menos pensamos diante de quem estamos ou quem Ele diz que nós somos. Vivemos uma vida regrada pelo acaso.
Como argumentar com Deus com base em valores eternos?
A melhor maneira de nos aproximarmos do lugar de oração é considerando sempre valores eternos. Um ótimo exemplo está na oração que Paulo faz pela igreja de Colossos – e por todos nós – em Colossenses 1.1-14. Ele orava assim:
1. “Sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus” (v. 9)
Em Romanos 12 está escrito que “a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável”. E Paulo ora para termos essa revelação. Porque se isso acontecer, nossa vida será acima da normalidade. Sem ansiedade, sem pânico. Tranquila, equilibrada. Estaremos conscientes de que nossa vida está nas mãos do Todo-Poderoso, de que nada foge do Seu controle. E mesmo que as coisas não caminhem segundo com o que planejamos, poderemos declarar nossa paz e confiança no fato de que o Senhor cuida de todas as coisas.
2. “Sejam cheios de sabedoria e entendimento espiritual” (v. 9)
É conseguir discernir o trabalhar de Deus em determinada circunstância. Assim, conseguiremos descansar nele. Paulo teve esse tipo de discernimento no naufrágio que experimentou. Enquanto todos estavam desesperados, ele estava tranquilo. Em Atos 27, diz: “Eu falei com Deus e Ele me disse que vamos perder tudo, mas ninguém vai morrer”. E isso foi exatamente o que aconteceu. Ele viu Deus trabalhar, teve discernimento.
3. “Vivam de maneira digna do Senhor” (v. 10)
É viver de maneira apropriada ao Evangelho para que o nome do Senhor seja glorificado. “Assim deixai a vossa luz resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt. 5.16). Essa é a maneira do cristão viver, frutificando em toda boa obra, alcançando o próximo. Sendo um produtor, não um consumidor.
4. “Crescendo no conhecimento de Deus” (v. 10)
A Palavra do Senhor diz no livro de Salmos 1.1-3 que “bem-aventurado é o homem que tem prazer na lei do Senhor, e nela medita de dia e de noite”. Para ter bons argumentos, precisamos conhecer o que Deus prometeu, que está expresso nas Escrituras. Quando temos conhecimento dessas verdades, ficamos cheios de fé.
5. “Sendo fortalecidos com todo o poder, de acordo com a força da Sua glória” (v. 11)
Deus quer nos dar do Seu poder e autoridade. Diante das circunstâncias adversas, do inferno, de demônios, das pressões, precisamos nos portar como alguém que tem autoridade. É o poder da vida de Cristo que está em nós (Gl. 2.20). Quando o poder de Deus está dentro de nós, somos capazes de suportar o insuportável.
6. “Para que tenham toda a perseverança e paciência com alegria” (v. 12)
É sermos firmes e constantes. É fazer as coisas com serenidade no interior. Para isso, precisamos saber exatamente o que queremos e termos certeza de que nossas orações estão alinhadas com o propósito de Deus. A oração que Deus honra é a que está cheia do conhecimento da vontade dele.
Aprendendo a orar
Nós precisamos aprender a orar. Precisamos orar como Paulo, ter mais concentração nesses momentos, mais foco. Saber quem Ele é, diante de quem nós estamos e quem nós somos para Ele. Precisamos escolher as palavras com sabedoria, apresentar nossos argumentos de forma contundente e sempre nos lembrar de ressaltar: “Pai, sobre todas as coisas, seja feita a Tua vontade”.
Você sabe qual é o chamado e o posicionamento de um intercessor de acordo com a Palavra?