Liderança: a autoridade conquistada pelo amor
Como a Bíblia nos ensina a sermos bons líderes através da humildade
Há uma crise de autoridade no mundo, desde o topo da pirâmide até sua base. Dos governantes aos governados. A crise mais aguda que presenciamos é a de integridade. Há líderes fortes em influência, mas fracos em ética. Têm muito poder nas mãos, mas nenhuma consistência moral. Líderes que se servem do povo em vez de servi-lo. Líderes que se abastecem do poder em vez de usá-lo para promover o bem dos liderados. Essa caricatura de autoridade está se aninhando também dentro das igrejas.
Há líderes que têm muito poder e pouco compromisso com a ética cristã. Governam o povo com rigor desmesurado e assentam-se na cadeira dos privilégios, esquecendo-se que o maior de todos os líderes, Jesus Cristo, não veio para ser servido, mas para servir.
Sob a perspectiva bíblica, autoridade delegada por Deus é exercida com humildade para o bem dos liderados. No Reino de Deus, o conceito de autoridade muda profundamente. Maior é o que serve. Aquele que quiser ser o maior de todos, deve servir a todos. Isso não significa confusão ou anarquia. Não significa que o líder vai deixar de lado suas prerrogativas e suas funções. Significa que, ao usar a bacia e a toalha como símbolos de sua autoridade, vai impactar seus liderados não pela força, mas pelo exemplo.
Jesus, o melhor exemplo de liderança
Jesus era um líder nato, todo Seu ser atraia multidões: “Quando Ele terminou estas palavras, as multidões ficaram admiradas com o Seu ensinamento. De fato, Ele as ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas” (Mt. 7.28-29).
Nosso Senhor conquistava as pessoas. Ele não impunha uma doutrina como faziam os escribas e fariseus. Seu ensinamento vinha do testemunho de amor que Ele não só discursava, mas que demonstrava em toda Sua vida. O amor incondicional era o Seu principal atrativo, e continua sendo ainda hoje. Ao estar à frente de pessoas, antes de tudo, Ele observava o que cada um tinha de melhor, sem deixar de corrigir o que era preciso. As pessoas se deixavam conduzir, porque encontravam alguém que acreditava nelas. A autoridade vem da conquista de corações!
Como se conquistam corações? Simples, com humildade! O líder precisa ser uma pessoa humilde. Por ser um servo de Deus, não se melindra com as críticas nem depende dos elogios para fazer a obra. O líder cristão tem coragem de pedir desculpas quando erra, tem a humildade de aprender com a experiência dos outros e tem a disposição de valorizar mais os outros do que a si mesmo. A igreja não pode ser uma feira de vaidades – e há muitos conflitos oriundos de vaidade pessoal. A igreja não pode ser uma passarela onde os líderes expõem sua mania de grandeza.
O Senhor da igreja cingiu-se com uma toalha e lavou os pés dos discípulos numa bacia. A humildade é a porta da honra. Um líder nunca é tão grande como quando se cobre com as vestes da humildade.
O filho obedece verdadeiramente ao pai quando se sente amado, pois acredita que o pai lhe quer bem, ainda que custe sacrifício. Assim também acontece na relação de professores e alunos, patrões e empregados, líderes e liderados. O amor impulsiona atitudes dignas de confiança recíproca.
Ao contrário desse ensinamento, os escribas e fariseus praticavam uma autoridade que os colocava em lugar privilegiado para serem chamados de mestres e vistos por todos: “Amarram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo” (Mt. 23.4).
Autoridade imposta X autoridade adquirida
O sociólogo alemão Eric Fromm disse que há dois tipos de autoridade: a imposta e a adquirida. Autoridade imposta é autoritarismo. A verdadeira autoridade é adquirida; conquistada pelo exemplo e não pela força. A autoridade é legítima, natural e agradável; o autoritarismo é imposto, é ameaçador, produz tensão e medo.
O verdadeiro líder não precisa ocupar um cargo ou posto, mesmo sendo o último de uma hierarquia, ele age como Jesus, acreditando no potencial das pessoas e tirando de dentro delas o melhor que cada um pode ser. Ou seja, o que forma o outro são os sentidos mais nobres dentro de nós: a misericórdia, o acreditar nas pessoas e, principalmente, o amor do coração de Jesus.
Uma liderança exercida com humildade, compaixão e misericórdia é possível
Ninguém perde em ser humilde. Quando nos humilhamos, Deus nos exalta. Quando honramos a Deus e valorizamos as pessoas que trabalham conosco, a obra fica mais leve e o trabalho alcança resultados mais promissores.
Que possamos viver essa verdade a cada dia da nossa vida, inspirando, conquistando corações com o amor de Jesus, exercendo a autoridade servindo uns aos outros, sendo cheios do Espírito Santo e conduzidos pela graça do nosso amoroso Pai.
Pr. Carlos Alberto Bezerra
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