Informações importantes sobre um público que é o presente da igreja

Considerando simplesmente uma questão matemática, a igreja tem motivo para se preocupar em alcançar a próxima geração. Pesquisas recentes mostram que cerca de 44,4% da Geração Z (ou Gen Z) – pessoas nascidas depois de 1996 – se denominam espiritualmente de “nenhuns”. Isso pode significar que são ateus ou agnósticos, mas o grupo não se rotula de nenhuma maneira. A questão é que, atualmente, há mais pessoas da Geração Z que se intitula como “nenhum”, do que como cristão.

Nem sempre foi assim. Em 2016, apenas 39% da Geração Z se denominava “nenhum”, enquanto 41% se diziam católicos ou protestantes. Mas anos complicados se seguiram, e o êxodo de religiões organizadas que começou com os Millennials acabou se acelerando com a Geração Z.

Agora, com esse grupo entrando no mercado de trabalho, aqueles que ainda são cristãos veem sua fé, a igreja e o mundo à sua volta de maneira bem diferente da geração anterior. Tem uma perspectiva única, moldada por recessões econômicas, relacionamentos digitais e muita variação política.

O que faz a Geração Z diferente

A Geração Z é a mais diversa de toda a história – racialmente, sexualmente e teologicamente. O mundo como conhecem é naturalmente cheio de pessoas de diferentes raças, orientações sexuais, status de imigração, gêneros e crenças religiosas – e estão conectados a todas elas através da internet.

Também são uma geração profundamente independente, que vê a segurança financeira como um alvo importante na vida, diferente dos Millennials. A geração anterior valorizava sua paixão, principalmente na hora de escolher a carreira, mas os Gen Z querem um emprego estável que lhes dê o que precisam para prover para si mesmos e investir em causas em que acreditam.

“Seu propósito não é apenas a segurança financeira”, explica o Dr. James Emery White, autor do livro “Meet Generation Z” (“Conheça a Geração Z”, em tradução livre). “Eles têm um forte senso de querer fazer a diferença e acreditam que podem. Querem ser empreendedores sociais.” De acordo com uma pesquisa do Barna, 70% da Geração Z quer usar sua vida para fazer a diferença no mundo.

E eles esperam o mesmo das instituições das quais fazem parte e das marcas que seguem. No passado, companhias com fins lucrativos e instituições como igrejas não precisavam se posicionar com relação a questões sociais, mas, atualmente, dois de três jovens esperam esse posicionamento e 72% afirmam que as marcas precisam se preocupar com questões como o meio ambiente e causas humanitárias.

Por que a igreja está perdendo essa geração?

É exatamente nesse ponto que a igreja tem se distanciado dos nascidos depois de 1996. Nos Estados Unidos, por exemplo, nove a cada 10 americanos dizem que a igreja é um lugar de “muito julgamento” e “hipocrisia”. Outros dizem que é “insensível às pessoas” e caracterizada por “falhas morais na liderança”.

Esse é um problema sério para a igreja no geral, mas particularmente quando se trata da Geração Z, que simplesmente se recusa a participar de instituições que não compartilham seus valores.

De acordo com o instituto Springtide Research, o público mais jovem dá à igreja 4,9 de 10 quando se fala em confiança. Isso quer dizer que não há um senso de confiança, nem a percepção de que é uma instituição que tem valores que vale a pena compartilhar.

É por isso que os Gen Z estão levando sua paixão por mudar o mundo para outros lugares, onde têm uma sensação real de pertencimento. Em 2019, um estudo britânico revelou que eles estão mais aptos ao trabalho voluntário do que qualquer outra geração. Não confiam em privatização e acreditam que o governo deveria fazer mais do que ajudar os mais ricos e suas corporações quando se trata de resolver problemas. Isso significa que são politicamente ativos, indo às ruas por causas em que acreditam.

Em outras palavras, não veem a igreja como parte desse movimento por justiça, então tentam resolver as situações com as próprias mãos.

Isso tudo pode soar frio, mas os fatos falam por si mesmos. Uma vez que a igreja aceitar o contexto, pode entender melhor o que a Geração Z tem para oferecer e entendê-la não como um obstáculo, mas um presente.

Como o futuro pode ser diferente

Como, então, podemos convencer os da Geração Z a ficar? Para Levi Lusko, autor e pastor da Fresh Life Church nos Estados Unidos, a questão sobre manter as gerações mais jovens é muito séria. “Se, como líderes, não estamos preocupados com isso, estamos loucos”, ele afirma.

Para Lusko, uma chave é manter a presença em momentos de transição da vida: do ensino médio para a faculdade, da faculdade para o mercado de trabalho. Ele diz que é nesses períodos que as pessoas tendem a perder sua associação com a igreja e que precisam de relacionamentos profundos.

Em 2018, um estudo da Cigna descobriu que os Gen Z são a geração mais solitária. 46% dos americanos que responderam à pesquisa disseram se sentir sozinhos em algum momento, mas esse número chega a 69% quando se fala nos mais jovens. Em média, 68% deles sentem que ninguém os conhecer profundamente.

Essa falta de conexão não pode ser preenchida por uma marca, uma empresa ou, até mesmo, por uma instituição, mas por pessoas que os tratam com empatia, amor e compreensão. Se a igreja começar a empoderar os jovens e adolescentes da Geração Z para se relacionarem uns com os outros, não só estará se conectando com a geração mais solitária da história, também provará que os cristãos estão realmente interessados em pessoas.

O pastor Levi Lusko também está usando outra estratégia extremamente eficaz para equipar a próxima geração para o ministério: a Bíblia. Ele sabe que os versículos que memorizou e internalizou quando criança estiveram sempre lá, mesmo quando nada mais fazia sentido. Lusko diz que essa geração está vivendo em um momento em que tudo é online e que temos a verdade da Palavra de Deus para combater sentimentos que, muitas vezes, acabam sendo traiçoeiros.

Ele sabe que todo mundo tem a Bíblia no celular hoje em dia, mas sente que a igreja pode ser um lugar em que as pessoas se conectam com algo mais real e tangível que um site ou aplicativo. Inclusive, encoraja aqueles que trabalham com gerações mais jovens a usar Bíblias de papel. “É impossível [ler a Bíblia no telefone] com todas as notificações que ficam aparecendo”, Lusko afirma. Em outras palavras, há momentos em que, ao invés de se aproveitar da tecnologia, a igreja pode se tornar um refúgio – um lugar onde membros da Geração Z podem fugir das notificações constantes e dos dados intangíveis para se relacionar com algo real.

Fazer isso vai envolver ver os Gen Z como muito mais que apenas o futuro da igreja, eles são o presente – uma geração com valor e sabedoria para hoje. Seus valores de diversidade, ousadia e inclusão são mais do que peculiaridades a serem toleradas, são marcas de como o mundo está mudando e como a igreja precisa se equipar para alcançá-lo.

Se queremos realmente reverter esse declínio, precisamos ir até a Geração Z e fazer parte do trabalho que ela já está fazendo. O grande segredo para a igreja será aprender que sua missão não é moldar uma geração, mas também se moldar por ela. Isso exige um nível de humildade que pode envolver dores de crescimento, mas vai haver crescimento.

Tyler Huckabee, Relevant Magazine

Você sabia que seguir o exemplo de Jesus também é investir em relacionamentos?