Conheça uma série especial no mês da Reforma Protestante

No dia 31 de Outubro comemoram-se os 506 anos da Reforma Protestante. Para celebrar a data, a Rede Comuna vai fazer uma série especial com quatro artigos sobre as eras que envolvem esse importante marco da Igreja. No final do mês, você poderá fazer o download gratuito de um e-book especial sobre o tema.

A série Especial Reforma começa com a era dos Pais da Igreja.

Pais da Igreja – O começo de tudo

No começo, quando o cristianismo estava ganhando força, os seguidores de Jesus se espalharam por todo o Império Romano e até mesmo para regiões distantes, como a Índia. Eles se consideravam parte de um movimento universal, chamado de “católico”, que representava a verdadeira fé de Jesus em meio a zombarias e perseguições.

Os primeiros cristãos não se viam como uma nova religião, mas como uma corrente judaica. Eles frequentavam o Templo e as sinagogas, pois acreditavam que esses lugares eram como sua casa espiritual. Foi nesse ambiente que o cristianismo se espalhou, se apresentando como algo novo dentro do judaísmo, uma abordagem que se concentrava nos pilares fundamentais: comunhão fraterna, oração conjunta, ensinamentos apostólicos e a Ceia do Senhor.

No entanto, as coisas mudaram quando, em 70 d.C., Jerusalém caiu e o número de cristãos cresceu exponencialmente. O rabino Gamaliel II até amaldiçoou o grupo nas orações judaicas. Mais tarde, no ano 90, o cristianismo foi considerado uma religião não judaica, perdendo a proteção dos judeus e enfrentando a ira das autoridades romanas. Passou a ser visto como uma ameaça, levando a perseguições intensas.

Muitos cristãos tiveram que abandonar seus empregos ao se converterem e os mais abastados apoiavam aqueles que foram afetados, criando uma rede de ajuda. As mulheres também ganharam destaque na Igreja, algo inédito na época. Elas se envolviam ativamente na propagação do Evangelho e tinham papéis importantes na comunidade.

Tudo isso era uma manifestação do Espírito Santo, nivelando todos em igualdade na comunidade cristã. A igreja doméstica também foi fundamental nesse período, servindo como modelo para a organização da Igreja. Eles perseveravam apesar das perseguições, um exemplo que inspira até hoje.

No geral, os primeiros quatro séculos do cristianismo foram marcados por desafios tanto externos quanto internos. A Igreja enfrentou a oposição de grupos judaicos e a brutal perseguição romana. Precisou resistir ao sincretismo religioso e lidar com desafios doutrinários. A unidade interna e a disciplina também foram questões cruciais, assim como a formação doutrinária.

Apesar de tudo isso, a Igreja superou esses obstáculos com coragem. Mártires testemunharam a verdade do Evangelho, líderes influentes guiaram a direção da fé e o ensino fortaleceu a identidade cristã.

Assim, desde o início, a Igreja de Cristo já estava passando por uma reforma contínua para enfrentar os desafios e superar as crises. Esse período foi um teste de resistência, e a Igreja emergiu mais forte, moldando o futuro da fé cristã.

Época da Igreja Imperial (312 a 590 d.C.)

Nessa época, tudo mudou para a Igreja Cristã. O Imperador Constantino fez com que o cristianismo saísse das catacumbas e ganhasse respeito nos palácios. Antes, os cristãos eram perseguidos, mas agora a Igreja estava ligada ao poder do Estado. De alguma maneira, foi responsável pela construção da moral social e religiosa da época.

Alguns achavam que a vitória do cristianismo sobre o Império estava acontecendo, enquanto outros sentiam que a cultura estava influenciando demais a religião. Foi o começo da transformação do mundo.

Nessa fase, já havia cerca de 6 milhões de cristãos ao redor do globo. Mais tarde, o Imperador Teodósio oficializou o cristianismo como religião do Império Romano, o que foi um grande marco. O poder da mensagem cristã tocou até mesmo os líderes do império. Como disse o historiador Daniel Rops, “a espada se curvou diante da cruz”. E isto aconteceu sem luta por parte dos cristãos. A força do Evangelho moveu os corações dos reis, imperadores e povo de todo o império.

Desde o início, a Igreja enfrentou heresias e divergências que levaram à formação da teologia cristã e a importantes Concílios. Esses Concílios ajudaram a fortalecer sua unidade e autoridade. Eles definiram, por exemplo, o Credo Niceno, que serviu de declaração da fé cristã.

Nessa época, a Igreja também mergulhou na compreensão da Trindade e da encarnação de Jesus. A distinção entre pessoa e natureza humana foi crucial para explicar como a divindade e a humanidade se uniram em Jesus. Os Pais da Igreja se esforçaram para explicar essa união hipostática, mostrando que Jesus era verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.

Os tempos Bárbaros (400 – 1050)

Os tempos bárbaros marcaram a queda da civilização romana. Foram seis séculos em que se formaram os mais variados povos e civilizações. Nenhuma Instituição ficou de pé, a não ser a Igreja.

Esses seis séculos foram um desafio, mas também uma oportunidade. A Igreja não apenas sobreviveu, mas também cresceu, espalhando a fé entre os povos germânicos e defendendo valores cristãos. 

Ela soube se adaptar e crescer, mostrando que estava em constante reforma, guiada pelo Espírito Santo e pelos ensinamentos dos primeiros Pais da Igreja.

Nem todos esses cristãos haviam recebido, porém, sólido discipulado; os povos germânicos se convertiam ao Evangelho coletivamente, seguindo o exemplo de seu chefe, como era a norma dos povos antigos. Havia muitos batizados ministrados sem a devida preparação. Por isso, esses cristãos guardavam ainda muitas das suas práticas supersticiosas (magia, astrologia, etc) e não podiam dar um testemunho de vida piedosa e coerente, como as comunidades dos primeiros séculos ofereciam ao mundo pagão.

Não é difícil entender essa realidade. O discipulado não se faz de maneira rápida.

No Oriente, pelo contrário, Constantinopla isolou-se, o que deu origem a muitas discussões e disputas. Os desentendimentos enfraqueceram o cristianismo oriental, tornando-o presa fácil dos mulçumanos (maometanos), que surgiram a partir do século VII e acabaram por conduzir a Igreja do Oriente ao rompimento definitivo com a Igreja de Roma por ocasião da cisma de Cerulário, no século XI. Em 1054 a Igreja Ortodoxa se separou da Igreja Católica.

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