Como viver alegre transforma a maneira que vivemos o cristianismo

Por Steven Lee – Pastor da Igreja Bethelhem em Mineapolis, EUA.

“Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos com ele”.

Não fazia sentido. Eu li a frase novamente, mais lentamente desta vez: “Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nele.” Eu entendi cada uma das palavras da frase, mas não consegui entender o que significavam juntas. “O que significa estar satisfeito em Deus?” “Como minha satisfação se relaciona com a glória de Deus?” Essas ideias eram tão estranhas para mim que era como se a linha fosse escrita em árabe ou chinês.

Fui confrontado, pela primeira vez, com a ideia de que Deus se importava com minha alegria. E ele não apenas se importava, mas estava procurando avançar, maximizar e despertar meu prazer por Ele. Ao refletir sobre essa possibilidade, encontrei-a repetidamente na Bíblia – porque ela sempre existiu. Logo, a frase reorientou radicalmente minha vida de cima a baixo.

O que fazer e o que não fazer

Mais de vinte anos atrás, eu tinha acabado de chegar como calouro na faculdade. Eu estava a oitocentos quilômetros de casa e ansioso para começar a exercer minha independência. Tendo crescido em um lar cristão e em uma igreja que prega principalmente a Bíblia, eu reduzi o cristianismo ao que eu pensava ser o que era essencial: dever e regras. Eu sabia que deveria obedecer aos mandamentos de Deus e que não deveria abraçar a imoralidade.

Eu havia aprendido muito mais, é claro, mas minha mente adolescente se concentrava nas regras e proibições. Ir à igreja. Orar. Ler a Bíblia. Não faça sexo antes do casamento. Não beba, fume ou use drogas. Não desonre a Deus – glorifique-o. Mas glorificar a Deus era dever e não deleite, como fazer tarefas domésticas ou dever de casa. 

Jesus poderia me fazer feliz?

Claro, falamos sobre obedecer a Deus – não quebrar seus mandamentos e honrá-lo com nossas ações. Mas não falamos sobre alegrar-se em Deus ou ter prazer em Deus. Conversamos sobre dever. Falamos sobre pegar sua cruz e seguir Jesus por um caminho de sofrimento e dor. Falamos sobre negar a si mesmo, adiar as obras da carne e lutar a luta da fé. Falamos muito sobre trabalho e pouco sobre graça. 

Citamos: “Trabalhem com afinco a sua salvação, obedecendo a Deus com reverência e temor”, mas não concluímos a frase: “Pois Deus está agindo em vocês, dando-lhes o desejo e o poder de realizarem aquilo que é do agrado dele.” (Filipenses 2: 12- 13).

Portanto, a frase “Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nele” era como me mostrar um cachorro de cinco patas ou água seca. Não existia em meu universo. O Cristianismo é verdadeiro; portanto eu obedeço. Não importava se eu estava feliz ou infeliz nessa obediência.

Culturalmente, essa abordagem fez muito sentido. Boas notas, trabalho árduo, força de vontade, disciplina e perseverança foram incutidos em mim desde tenra idade. Fui ensinado a investir tanto tempo e energia quanto fosse necessário para realizar a tarefa. Não importava se eu gostasse ou não. Se fosse dado a mim, eu precisava fazer bem.

No entanto, essa mentalidade foi paralisante, pois afetou meu relacionamento com Jesus, que se tornou principalmente transacional. Gostava de ler a Bíblia, esperando a bênção de Deus. Eu evitaria o pecado para não ser punido. E quando eu pecava, meu mundo desmoronava ao meu redor. 

Tesouro escondido em um campo

Essa perspectiva, porém, minimizou o evangelho da graça de Deus. Faltou uma motivação convincente para minha obediência. Lentamente, comecei a ver que Deus nos dá alegria em obedecê-lo, Ele nos dá prazer na adoração e nos satisfaz com Seu amor e misericórdia inabaláveis. Minha alegria não é irrelevante, mas sim essencial para uma vida que agrada e glorifica a Deus. Portanto, não é apenas correto buscar alegria em Deus; é essencial que encontremos a satisfação de nossa alma em Jesus. Ou, dito de outra forma, “Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nele.” E assim, lutamos pela alegria em Jesus.

Essa ideia começou a saltar das páginas da Bíblia:

  • O homem do Salmo 1 é aquele cujo prazer está na lei do Senhor (Salmo 1: 2). 
  • Os mandamentos do Senhor não são pesados, mas revigorantes (1 João 5:3). 
  • Deus é quem nos faz conhecer o caminho da vida; em sua presença experimentamos plenitude de alegria, e em sua mão direita temos prazeres para sempre (Salmo 16:11). 
  • Jesus disse que o reino dos céus é como um tesouro escondido no campo, que o homem descobre e depois vende tudo o que possui para obtê-lo (Mateus 13:44).

E o fato de sermos ordenados a glorificar a Deus não diminui a recompensa disso. Dizer: “Seu trabalho é glorificar a Deus” é como dizer a um marido ou esposa recém-casado: “Seu trabalho é deliciar-se com seu cônjuge”. É como chegar às tão esperadas férias e ouvir: “Seu trabalho é relaxar e se divertir”. A ordem para glorificar a Deus é uma ordem para se deleitar nele, e a ordem para se deleitar nele é uma ordem para glorificá-lo. De mãos dadas, um completa o outro.

Não há lugar melhor para estar do que seguir Jesus, obedecer aos mandamentos de Deus e experimentar o seu sorriso.

Ao pregar as Escrituras agora como pastor, meu objetivo não é exigir obediência por causa da obediência.  Não enviamos missionários aos lugares mais difíceis do mundo com ameaças. Em vez disso, atraímos as pessoas com a alegria maravilhosa que é seguir a Jesus. Não há lugar melhor para estar do que seguir Jesus, obedecer aos mandamentos de Deus e experimentar seu sorriso.

Conhecer, amar e ser amado por Jesus é melhor do que os prazeres menores do entretenimento. Ele é melhor do que rolar sem parar pelo pântano das mídias sociais. Alegria em Jesus é melhor do que prazeres ilícitos, euforia induzida quimicamente e as riquezas que nosso mundo oferece em uma bandeja de morte. Obediência a Jesus, participação em sua igreja e identificação com seu corpo é melhor do que elogios temporários e aceitação daqueles que nos rodeiam. Os prazeres menores desaparecem em comparação com o prazer crescente e maior de estar satisfeito em Deus. E maravilha das maravilhas, esse prazer glorifica a Deus.

Quando vamos a Jesus, recebemos alegria eterna, enraizada em uma esperança que nunca decepciona. Foi-nos prometido uma esperança eterna, um lar eterno, um reino incorruptível, um prazer superior e uma alegria completa. Esta é a realidade de seguir Jesus. Compreenda a verdade gloriosa de que fomos criados e projetados para encontrar nossa alegria e satisfação definitivas em Jesus. E quando nos deleitamos nele, Deus é corretamente glorificado, honrado e louvado.