Ensinando nossos filhos a ter uma vida de intercessão

Cultura é um conceito muito amplo, com vários sig­nificados. Edward B. Tylor, antropólogo britânico, considerado o pai da definição moderna do termo, afirmou que a cultura é “todo o complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costu­mes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Podemos afir­mar que uma cultura é percebida através das atitudes. É a tradução de hábitos e padrões de pensamentos em ações. Valores expressos através de atos. Sabendo disso, como podemos ensinar a nossos filhos a cultura da intercessão? 

Antes de pensarmos em como fazer isso, precisamos avaliar se estamos vivendo uma vida de intercessão, pois nossos filhos são replicadores de cultura, de hábitos. Eles não saberão como viver o sobrenatural se não enxergarem isso em nós. E não me refiro apenas a estabelecer certas práticas como: ir ao culto aos domingos ou participar da célula. Também não estou falando de fazer com que eles participem dos ministérios de crianças, adolescentes ou jovens. Não é isso. Se toda a nossa vida não foi permea­da pelo sobrenatural, eles não vão enxergar aquilo como parte da vida natural, diária, mas como hábitos religiosos que pouco produzem. 

Carregar a cultura do Reino é viver uma vida natural­mente sobrenatural, onde a oração, a intercessão, o mo­mento devocional e a dedicação de energia e tempo com a Palavra, fazem parte do nosso dia a dia. Se declaramos as palavras de Jesus em Marcos 16.17-18: “Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpen­tes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes focarão curados”, as nossas atitudes têm de acompanhar o discurso.

Mas existe uma outra questão. Mais importante ainda. Como pais, precisamos estar cientes de que temos uma função específica na construção da vida espiritual dos nossos filhos. É nossa responsabilidade condu­zi-los a uma experiência com Deus. Isso é absoluta­mente chave se queremos que eles vejam na oração e na intercessão algo além de um hábito religioso. 

É muito importante que eles vejam seus pais pra­ticando todos os hábitos que nos levam a estabele­cer um relacionamento verdadeiro e profundo com Deus. Isso é fato. Mas se, assim como nós, eles não tiverem uma experiência de novo nascimento, ape­nas estarão tentando reproduzir uma cultura de reli­giosidade que, ao invés de conduzi-los a uma vida espiritual de liberdade em Cristo, os levará ao cati­veiro da religião – que os afastará de Deus e de nós. 

Somos os discipuladores dos nossos filhos. Ensi­nando-os em amor, corrigindo, consolando, encora­jando, confrontando. Sempre guiados pelo mesmo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (2Tm. 3.16-17). Quando os ensinamos a orar e esperar em Deus desde pequenos – mesmo que se trate de coisas simples-, haverá tamanha fé nos seus corações, que essa será a porta para levarmos eles a Jesus quando crescerem. 

Precisamos ensiná-los a buscar o Espírito Santo em oração. Precisamos levá-los a viver uma vida naturalmente sobre­natural. Somente o novo nascimento lhes dará a verdadei­ra noção da importância de vivermos em intercessão, de vivermos conectados com o Espírito Santo, de vivermos uma cultura do Reino e não apenas hábitos praticados sem propósito. Se quisermos ver nossos filhos transformando o mundo e vivendo as promessas de Deus, precisamos deixar claro que é necessário sermos cheios do Espírito Santo! 

Devemos ser intencionais na construção de pontes que con­duzam nossos filhos a receberem um novo coração do Pai (Ez. 36.26). Essa é a nossa responsabilidade. Essa é a forma de afiarmos as flechas que o Senhor nos deu (Sl. 127), para que elas cheguem muito mais longe do que pedimos ou pen­samos (Ef. 3.20). 

Temos pela frente a maravilhosa tarefa de formar Cristo nos nossos filhos. Discipulando, amando, encorajando e conduzindo-os a viverem de forma sobrenatural, cheios do Espírito Santo, para cumprir com o propósito para o qual eles foram chamados. Que nossas casas possam tes­temunhar isso!

Alessandra Bezerra Caldas