Deus entregou Seu Filho em nosso favor, para que pudéssemos nos relacionar com Ele novamente. Em resposta a isso, o Pai nos chama a uma vida de adoração

“De conceder-nos que livres da mão de nossos inimigos, o adorássemos sem temor, em santidade e justiça perante Ele todos os nossos dias” (RA). O texto de Lucas 1.74-75 define de modo muito claro o eterno propósito de Deus. No cumprimento dessa Palavra, fica estabelecida sua concretização. O eterno anseio de Deus, no sentido de manter comunhão com o homem criado para Sua glória, foi atendido na obra da redenção. Assim, o homem foi reconciliado com o Criador e, em contrapartida, a justiça divina foi satisfeita.

Isaias 43.21 diz que um povo havia sido criado com finalidade de dar louvor a Deus. O Salmo 96.1 ordena que todos os moradores da terra cantem ao Senhor um cântico novo.

O Salmo 29.1-2 manda que tributemos – pagar tributos – ao Senhor a glória devida ao Seu nome. Diante disso, fica bastante claro que os homens têm uma dívida com Deus, para a qual Ele exige “pagamento”.

Pagamento é apenas uma força de expressão porque, em realidade, a justiça divina proveu na Cruz, a condição de vivermos segundo o propósito para o qual fomos criados.

Foi na Cruz, através do Senhor Jesus, que Deus nos livrou de todos os inimigos. Portanto, agora podemos adorá-lo sem temor, em santidade – separados do pecado – e justiça – crucificados e ressuscitados com Cristo – todos os nossos dias.

Adoração é questão de justiça para com Aquele que nos amou de tal maneira, ao ponto de dar Seu Filho unigênito.

Não imaginamos o quanto custou para o Pai abrir mão de seu único Filho a fim de redimir o pecador. Considere um pai numa situação em que devesse entregar seu filho. É algo muito doloroso.

Pois bem, entre os sentimentos paternos e o cumprimento da justiça, Deus optou pelo segundo. Em função disso, foi capaz de virar as costas para o Filho lá na Cruz. Posso concluir que a obra da Cruz, demandou sacrifícios e sofrimento não apenas de Jesus, mas também de Deus o Pai. Ele julgou ser justo, pela graça, Jesus provar a morte por todos, através do que pode trazer muitos filhos à glória (Hb. 2.9-10).

Que amor e justiça admiráveis! Não é por menos que somos convocados a adorá-lo todos os dias e em todo tempo. Contudo, o tempo presente e a eternidade não serão suficientes para darmos ao Pai toda glória devida ao Seu nome, pois a medida da graça e justiça divinas equivalem ao quanto Deus é digno de ser louvado.

Finalmente, fica para nós a seguinte reflexão: Não viver para adorar o grande Deus é optar por uma vida de injustiça (Ml. 3.3 e Fp. 1.11).

Como, então, vive um verdadeiro adorador?

É comum pensar no adorador como alguém que, numa situação característica de culto, expressa-se a Deus cantando de olhos fechados, em profunda contrição. Num país como o nosso, em que a pessoa é rotulada por aquilo que faz, parece-me que um indivíduo é tido por adorador ao adotar uma determinada conduta num culto, aparentando espiritualidade.

É certo dizer que essas formas de cultuar correspondem a atitudes práticas de adoração a Deus. Porém, os princípios bíblicos relacionados com o assunto, oferecem-nos revelações que não se comparam aos estereótipos e conceitos que temos.

“(…) se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto (…)” (Jo. 12.24; 15.8 RA). Ao comparar-nos com o grão de trigo, Jesus deu-nos uma importante lição, ao mesmo tempo que instituiu uma lei imutável: vida que nasce da morte.

É exatamente nessa base que Deus forja o adorador.

O adorador não nasce sem primeiro morrer. Só assim ele dará muito fruto e, só assim, o Pai será glorificado – adorado. Temos aqui dois elementos-chave que praticamente definem o perfil do adorador. Ele é um morto – crucificado com Cristo (Gl. 2.20) – e, em segundo lugar, ele dá muito fruto.

É evidente que os frutos são produzidos por Aquele que crucificou e ressuscitou este indivíduo, a fim de viver nele (At. 19.11; 2Co. 3.4-5, Rm. 6.5). A vida de Jesus em nós, produz o fruto permanente que glorifica o Pai. Jesus foi o primeiro grão de trigo que caiu na terra, morreu e vem produzindo fruto de salvação para todo o que crê. Aqui reside a essência do cristianismo, que nos leva à vida autêntica de adoração, isto é, à vida de fruto com os lábios e com as obras.

A vida que nasce da morte faz deste adorador um justo, um cristão autêntico, um marido exemplar, uma esposa idônea, um jovem responsável e feliz, enfim, um vaso de alabastro contendo o perfume mais puro e rico que o nardo. Sim, o bom perfume de Cristo (Mt. 26.6-13, 2Co. 2.14-15).

Adhemar de Campos

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