As prioridades dos relacionamentos quando se trata do Reino de Deus

Você já teve um apelido quando era criança ou na escola? Muitos de nós tivemos – a maioria deles não eram muito bons, até mesmo nos marcaram negativamente. Na maior parte das vezes a real intenção de um apelido é denegrir alguém.

Jesus também teve um apelido. O chamavam de “amigo de pecadores” (Mt 11.19). Só que, no lugar de ficar triste ou ofendido, Jesus gostou de ser chamado assim. No mesmo texto, Ele diz: me chamaram disso e daquilo, mas quem eu sou – a sabedoria – é comprovada pelas obras que acompanham.

Por que Jesus veio ao mundo?

Jesus veio ao mundo com uma mensagem específica e, por saber de sua identidade, Seu destino estava muito claro.

O Filho de Deus não veio para modificar comportamentos, para criar um clube ou grupo religioso. Ele não veio como filósofo ou mártir ou consultor motivacional. A mensagem de Jesus é muito mais simples, porém muito mais poderosa do que qualquer um desses conceitos: Jesus veio para “buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19.10).

Isso fica evidente no encontro entre Jesus e Mateus: “Saindo, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe: “Siga-me”. Mateus levantou-se e o seguiu. Estando Jesus em casa, foram comer com ele e seus discípulos muitos publicanos e “pecadores”. Vendo isso, os fariseus perguntaram aos discípulos dele: “Por que o mestre de vocês come com publicanos e ‘pecadores’?” Ouvindo isso, Jesus disse: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores” (Mt. 9.9-13).

Quem era Mateus/Levi?

Sabemos que ele era um cobrador de impostos, e isso significa algo bem diferente do que representa para nós hoje.

Naquela época, um cobrador de impostos não era o equivalente de um empregado da Receita Federal, era mais como um chefe da máfia, um gângster. Mateus, o cobrador de impostos, não era homem com quem se podia brincar. Na época, Roma era a superpotência mundial, e Israel uma das terras conquistadas. Depois de conquistar um novo território, o governo romano cobrava impostos dos súditos locais. E é aí que Mateus entra. Seu trabalho era cobrar os impostos de seu povo para dar a Roma. Em outras palavras, ele traiu o seu povo por um salário. Aqui está o problema: os cobradores de impostos eram obrigados a entregar certa quantia de dinheiro para Roma, mas podiam ficar com o que coletassem acima disso.

Lucas o chama de Levi, esse era seu nome de nascimento, mas não muito aceito pelos romanos. Ele, então, muda seu nome para se tornar mais aceitável. Mateus nasceu na nação de Israel, o povo escolhido de Deus, mas não se importava com isso. Portanto, em vez de ser Levi, o judeu, ele assumiu uma nova identidade: Mateus, o cobrador de impostos.

Talvez nossa expectativa seria a mais religiosa possível: “um homem que trai o seu povo, que muda seu nome por aceitação, esse nunca seria bom o bastante para ser discípulo de Jesus!”. O mestre poderia até mesmo se justificar usando do passado de Mateus. Mas Jesus escolhe convidar ele a algo inesperado: “Segue-me” (Mt 9.9).

As pessoas devem ter pensado: Sério, Jesus? O que qualifica esse cobrador de impostos, traidor, para ser seu discípulo? Na opinião delas, ser judeu era a única chance de salvação. Mateus, o aspirante romano, era o caso clássico de pecador, o epítome do mal, o exemplo perfeito de pessoas que o Messias viria para julgar um dia. Mas a lógica do Reino de Deus é diferente.

Perceba: Jesus procurou e fez amizade com um criminoso conhecido. Mais tarde, nomeou-o membro do seu principal grupo de seguidores. Se isso não se encaixa em nossa maneira de interpretar o Evangelho, então precisamos ter nossa mente renovada.

A quebra de paradigma do Evangelho de Jesus

A religião tende a procurar sinais exteriores de que estamos qualificados para seguir a Deus; Jesus, porém, quebra esse paradigma repetidas vezes. Ele não espera que nos purifiquemos ou que renunciemos nosso estilo de vida. Ele encontra-nos onde estamos e chama-nos para segui-lo. Não é necessário preencher um formulário de inscrição ou ter certas qualificações. É por isso que acho que a história de Mateus é uma ilustração perfeita da mensagem de Jesus.

A mensagem de Jesus era a graça, a salvação para todos os que cressem. Misericórdia, compaixão e perdão para todos os que colocassem a fé nele.  A mensagem não é mero dogma ou doutrina, não é mudança comportamental. A mensagem é que, pouco importando quem você é ou o quanto você errou, graça e perdão estão disponíveis em Jesus.

Não é uma graça barata, mas é uma graça que chama ao relacionamento com Jesus, e no relacionamento, somos convencidos por amor de que temos que viver uma nova vida.

Mudança completa

A mensagem de Jesus é de que todos nascemos doentes, mas Ele veio para nos curar. Todos somos pecadores, mas Ele veio para nos chamar ao arrependimento. Nele, existe a graça, a saúde e a vida.

A graça nos lembra de que somos todos igualmente maus. Somos todos cobradores de impostos, por assim dizer. Aqui, porém, está a boa notícia: somos todos amigos de Jesus. Se Ele é amigo dos pecadores e se nós somos pecadores, então Ele é nosso amigo. Não porque o ganhamos. Não porque o pedimos. Mas porque Deus ama o mundo e enviou o seu Filho Jesus para salvar o mundo.

A santidade é o resultado da salvação, não o caminho para ela. O comportamento melhor é sim resultado da obra de Jesus, mas não é o mais importante. Amor, paz, alegria, liberdade e outras transformações internas são muito mais importantes do que mudanças externas e de aparência. No entanto, quando não entendemos o sentido da mensagem, começamos a pensar que ações e comportamento são o objetivo.

Obviamente, quando encontramos Jesus, experimentamos uma genuína mudança de vida. Mateus deixou tudo para seguir Jesus. É o que acontece com o evangelho. A resposta lógica a um encontro verdadeiro com Jesus é uma transformação interior e exterior. Nossas prioridades mudam. Nossos valores mudam. Nossos círculos sociais mudam. Ainda que o encontro com Jesus resulte em mudanças de vida, a ênfase não está no quanto precisamos fazer para realizar essa mudança. A ênfase está em Jesus. Quando o seguimos, descobrimos que estamos dando passos e tomando decisões que nunca teríamos ousado tentar sozinhos.

Amigos de Jesus

Quem você seria na história de Mateus? O santo ou o pecador? O fariseu ou o amigo? Mais santo do que você ou totalmente confuso? Independentemente de quem você seja ou do que você tenha feito, o coração de Deus é o mesmo: Ele ama você agora mesmo, aqui mesmo, assim como você é. Como Mateus, Jesus é o seu amigo. Ele está chamando você para conhecê-lo, para descansar nele e para segui-lo.

Este é um esboço da série “Amigo de Pecadores”. Quer contar com todas as mensagens para sua igreja local? Cadastre-se da Rede Comuna e baixe gratuitamente.