A Síndrome de Burnout: saúde psíquica pressupõe qualidade de vida e espiritualidade.
Falar de saúde mental engloba, entre outras qualidades, a capacidade do sujeito de apresentar suficiente equilíbrio emocional para responder adequadamente às exigências tanto internas quanto externas a que é exposto no dia a dia. Esta habilidade de administrar a própria vida e a forma de se sentir implicado na resolução de seus problemas e na condução de sua vida, colaboram nesta direção. Mas nem sempre este caminho pode ser fácil e seguro.
Este caminho do líder cristão que envolve predominantemente pessoas, pode gerar um acúmulo de situações não resolvidas ao longo das semanas, problemas insuperáveis, e cria-se então uma incongruência entre as exigências do seu trabalho e de suas relações pessoais mal resolvidas, com as suas limitações pessoais e laborais, gerando fadiga emocional, física e mental.
Esta fadiga é ponto crucial para a perda da performance no trabalho e o aumento da ansiedade e do isolamento, características da síndrome.
Consequentemente, a qualidade laboral é prejudicada. Entretanto, se hoje o foco da saúde mental está ainda direcionado reativamente para a prevenção, o caminho a ser percorrido nos próximos tempos será o da promoção da saúde tanto por parte do líder cristão, quanto por parte da comunidade a que serve.
Alguns fatores, nesta direção, podem proteger a pessoa, como a interação social positiva e as amizades sinceras. A possibilidade de maior flexibilidade, adaptabilidade e autonomia, também formam um alicerce no qual o sujeito consegue construir-se, adaptar-se e, consequentemente, superar-se.
A boa autoestima, as atividades físicas regulares (entendidas aqui como a indicação de meia hora diária nos sete dias da semana), bem como a estimulação cognitiva, fazem com que o sujeito se comporte de maneira saudável diante das adversidades a que seja exposto. A clareza de expectativas diante do ministério, bem como o equilíbrio entre trabalho e lazer, incluindo férias regulares, colaboram com o autocuidado, elemento fundamental neste processo.
Portanto, cabe responder uma pergunta: você consegue descansar, não simplesmente esquecer os problemas ou desligar-se do trabalho, mas adquirir inspirações, despertar para a vida interior e se conectar com Deus através de sua verdadeira identidade?
Estar de folga é descansar e recuperar a liberdade de fazer ou não fazer, é dispor de tempo para ser, para investir mais em si mesmo e nos relacionamentos significativos que tenha, visando a uma comunicação profunda, existencial, e amorosa com aquelas pessoas que fazem parte de sua vida.
Quando Deus descansa, depois de ter concluído a criação, nos dá uma relevante lição sobre a pessoa humana, chamada também ao descanso que nos liga com o mistério e a alegria do viver, renovando e restaurando não só forças físicas, mas fazendo-nos crescer na visão contemplativa de quem somos e para que estamos no mundo. Para o cristão, parar e reencontrar-se não é passatempo ou mera diversão, mas uma necessidade premente, espiritual e corporal, que nos dignifica e eleva mergulhando mais em nós mesmos e abrindo-nos para os outros.
O descanso nos torna divinos e humanos, nos devolve a paixão pela vida, nos descondiciona e nos permite recuperar a leveza, ternura e a gentileza com que devemos assumir a nossa missão no mundo