Anna Beatriz Bezerra – Psicóloga CRP 06/182028

A história da ressurreição de Lázaro, contada em João 11:1-45, revela profundas verdades sobre a condição humana e a saúde mental. Quando Lázaro morreu, Jesus, ao chegar à casa de Marta e Maria, demonstrou uma empatia poderosa. Ele chorou, mesmo sabendo que em breve traria Lázaro de volta à vida. Esse gesto é um lembrete de que nossos sentimentos são importantes. Jesus não apenas reconheceu a dor das irmãs, mas também se permitiu sentir essa dor, mostrando que a tristeza é uma parte humana fundamental.

Muitas vezes, ao enfrentarmos dificuldades emocionais, podemos nos sentir pressionados a esconder nossas lágrimas ou a minimizar nossos sofrimentos. Jesus, no entanto, nos ensina que é essencial vivenciar e validar nossas emoções. Quando negamos ou banalizamos nossas dores, corremos o risco de nos aprofundar em um estado de desespero, sem dar o valor que nossas emoções merecem. Assim como Jesus chorou, somos chamados a enfrentar nossas tristezas, não como fraquezas, mas como uma expressão da nossa humanidade.

A passagem também nos ensina sobre o propósito das dificuldades. Jesus poderia ter evitado a morte de Lázaro com uma simples palavra, mas optou por passar por esse processo para que o nome de Deus fosse glorificado. Isso nos lembra que, muitas vezes, nossas lutas têm um propósito maior. Quando superamos desafios, temos a oportunidade de compartilhar nossas histórias e levar esperança a outros, mostrando que Deus está presente, mesmo nos momentos mais sombrios.

É crucial entender que nossas emoções são uma força poderosa. Elas nos permitem vivenciar um relacionamento integral com Deus, não apenas por meio da razão, mas também através dos nossos sentimentos e emoções. A saúde mental não deve ser vista como uma fraqueza ou uma falta de fé; é uma parte importante da nossa jornada espiritual. Assim como Jesus nos ensina a importância de sentir, devemos reconhecer que buscar ajuda profissional não é um sinal de fraqueza, mas um passo corajoso em direção à cura.

A vida em comunidade também é vital nesse processo. Ter pessoas com quem compartilhar nossos fardos pode fazer toda a diferença em momentos de dificuldade. Entretanto, é fundamental lembrar que problemas de saúde mental são reais e precisam ser tratados com seriedade. O desabafo é importante, mas, em muitos casos, é necessário buscar pessoas capacitadas que possam ajudar de forma mais profunda. Jesus pode nos curar com apenas 1 palavra, mas também pode nos curar através de processos usando a vida de profissionais competentes que foram capacitados por Ele.

Por fim, a voz de Deus é uma fonte de cura, mas muitas vezes Ele também se faz presente no silêncio. É nesse espaço que encontramos a oportunidade de refletir, crescer e nos curar. Assim como Lázaro foi chamado para fora da tumba, somos convidados a emergir de nossos próprios sepulcros emocionais, confiando que, mesmo nas dores e incertezas, Deus está conosco, pronto para nos restaurar e nos guiar.

A história de Lázaro é um poderoso lembrete de que a vida é feita de altos e baixos, e que a dor pode servir a um propósito maior. Valide suas emoções, busque apoio e permita-se viver o processo de cura. Lembre-se de que, em meio ao silêncio e ao sofrimento, a presença de Deus é real, e Ele nos chama para a vida, não apenas fisicamente, mas em cada aspecto do nosso ser.