Ministrando para casais: Perdão
Como ensinar sobre esse assunto tão delicado e tão importante no relacionamento conjugal
Quando se ministra para casais, é essencial falar sobre ofensa e perdão. Afinal, normalmente são as pessoas mais próximas de nós que podem ter atitudes que nos machucam e marcam. E quando não há perdão, a amargura começa a crescer no coração e pode se tornar a fonte de muitos problemas.
Deus ama a família! E o casamento é um outdoor da Sua glória, por isso é preciso ensinar sobre esse assunto e mostrar sua importância.
Entenda alguns princípios importantes relacionados ao perdão e saiba como tratá-los com os casais de sua igreja local.
Entendendo o perdão
Existe muita falta de entendimento sobre o que é o perdão. Um dos conceitos errados é que o perdão dá razão ao meu ofensor, ou seja, se eu estou certo e o outro está errado, por que sou eu que tenho que perdoar?
O perdão não minimiza a responsabilidade daquele que causou a ofensa e não significa que a dor causada pelo ofensor não é real ou pode ser desprezada. Na verdade, ele beneficia aquele que perdoa. Embora o ofensor também seja beneficiado, ao perdoá-lo eu entrego o julgamento nas mãos de Deus, que é um juiz justo, bom e imparcial.
Do contrário, me coloco na posição de juiz, desejando alguma compensação, que na verdade pode ser uma forma disfarçada de vingança. Quando não perdoo eu desenvolvo no coração sentimentos negativos progressivos, passando de ressentimento para amargura, de amargura para ódio e vingança. Quem odeia o seu irmão já é assassino em potencial (1Jo. 3.15), ou seja, só falta cometer o crime.
Quando um casal tem dificuldades em perdoar um ao outro, eles passam a julgar um ao outro, lembrando sempre dos erros do passado.
A falta de perdão é algo que nos deixa incapazes de experimentar e manifestar a graça e o amor de Deus. Mesmo que tudo esteja bem entre o casal, mas há falta de perdão em relação a outras pessoas, como filhos, sogros, cunhados, irmãos, amigos, líderes, e até consigo mesmo, o problema permanece.
Todos precisam perdoar, porque todos serão ofendidos. Não há como não sermos ofendidos, porque vivemos num mundo dominado pelo pecado. A questão é se vamos permitir que a ofensa entre em nosso coração, e, se entrar, se vamos permitir que ela crie raízes de amargura.
A ofensa causa feridas emocionais, que se não forem tratadas levarão nossa vida, passo a passo, à destruição, e nesse caminho muitos outros serão afetados. Pessoas feridas ferem pessoas e não conseguem se relacionar de forma saudável.
A quem devemos perdoar?
Devemos perdoar a todos os que nos ofenderam para termos uma vida plena e livre. Precisamos também perdoar a nós mesmos. Muitos problemas decorrem de viver debaixo de culpa e condenação por pecados que Deus já nos perdoou, porque Ele realmente nos perdoou de TODOS os pecados (Hb. 8.12).
Quando não perdoo a mim mesmo, não sou apenas eu que sofro as consequências, mas meu cônjuge, meus filhos e meus amigos.
Como perdoar e pedir perdão?
Quantas vezes perdoamos em nossa mente e até em nossas palavras, mas em nosso coração ainda nos agarramos aos pecados cometidos contra nós? Isso não é perdão verdadeiro. A palavra PERDÃO, no Novo Testamento (grego aphiemi) significa: mandar embora para longe, deixar ir, não guardar mais. Não é mandar a pessoa embora, mas não guardar mais a ofensa no coração.
1. Dê os nomes certos — quem e o quê você está perdoando
Precisamos ter clareza de quem estamos perdoando e do que estamos perdoando. Não podemos perdoar alguém se não admitirmos honestamente que fomos ofendidos. Ignorar a ofensa é acumular lixo para dentro do coração, e promover a amargura.
Retardar o perdão esperando que o outro “se toque” ou venha pedir perdão só aumenta a dor e o ressentimento. Preciso perdoar independente se o outro reconheceu o erro, porque não quero ficar preso à dor, ressentido, frustrado e atormentado. São necessários dois lados para uma reconciliação, mas somente um para o perdão.
2. Peça perdão dizendo do que você se arrepende
Ao pedir perdão ao seu cônjuge, não diga apenas “amor, me perdoe”. Perdoar do quê? Se não sei do que estou pedindo perdão, não me arrependi verdadeiramente.
Também não piore a situação, negando ao seu cônjuge o motivo pelo qual você está ofendido. Há pessoas que não dizem por que estão ofendidas, esperando que o cônjuge descubra por si mesmo. Fazem isso como forma de punição ou de controle sobre o outro. Mas isso só piora a situação.
Se o seu cônjuge perguntar por que você está ofendido, diga a ele os motivos. Se você vai pedir perdão ao seu cônjuge, procure saber como o ofendeu.
3. Perdoe do íntimo, rasgue a promissória
Perdoar é queimar uma promissória de dívida, ficar em paz e deixar a outra pessoa em paz também. Não guardar mais rancor, não se prender ou prender alguém emocionalmente.
Isso é uma escolha, não um sentimento. Se esperarmos sentir que devemos perdoar, jamais perdoaremos, por causa da dor da ofensa. Perdoar é permitir que o outro continue a fazer parte da história de sua vida.
4. Perdoe do íntimo e confesse com a boca
Quando decidimos perdoar, devemos FALAR COM A BOCA a declaração de perdão, citando o nome da pessoa perdoada e o pecado perdoado. Devemos ser específicos. Numa conversa de perdão entre um casal, a ofensa deve ser reconhecida, não desculpada nem justificada.
O que errou se compromete a não repetir a ofensa, e o que perdoou promete não ficar relembrando a situação.
Perdoar é uma decisão, a cura do coração é um processo
Embora nós realmente tenhamos perdoado quem nos ofendeu, as memórias permanecerão guardadas em nossa alma. Se não forem curadas, elas permanecerão como memórias dolorosas. Se ficarmos revisitando estas memórias, podemos deixar a ofensa se instalar de novo no coração. É como se, depois de ter mandado embora a ofensa, a buscássemos de volta.
Precisamos confiar no Senhor para a cura do coração e das memórias. A dor está, muitas vezes, presa à memória do incidente que nos machucou. Portanto, precisamos pedir a Jesus para curar nossas memórias. Mas Ele só poderá ajudar quando liberarmos o incidente para Ele. Enquanto ainda nos agarramos à situação através do ressentimento e da falta do perdão, ainda não o liberamos; portanto, nossa dor fica presa a nós. Omitir a dor ou aprender a viver com ela não soluciona o problema.
Nossos sentimentos seguirão nossa decisão, assim que perdoarmos verdadeiramente do íntimo.
A célula também é um ótimo ambiente para ensinar casais. Conheça um roteiro de perguntas para ajudar a estudar a Bíblia em pequenos grupos de famílias.