A reforma e a Mudança de Mente
Como a Reforma Protestante deve impactar a nossa vida depois de mais de 500 anos
No dia 31 de outubro, comemoramos 505 anos da Reforma Protestante. Ao longo de mais de cinco séculos, este marco na história da igreja ajudou a mudar muita coisa. Mas ainda há reformas que precisam ser feitas num lugar mais profundo, nosso coração.
Essa é a inspiração de Paulo nas palavras expressas no texto de Romanos 12.2: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
O desafio que o apóstolo nos apresenta é o de uma constante mudança interior para corrigir a incoerência entre nosso discurso e nossa vida, que anula nosso testemunho e limita a ação de transformação que o Espírito Santo quer realizar, através de nós, nas vidas de outras pessoas.
A reforma do – e no – coração
O foco dessas reformas é o nosso coração. Para que elas sejam bem-sucedidas precisamos ser ativos no trabalho de atingirmos a maturidade cristã – que tem se tornado, pela sua falta, uma espécie de mito entre os evangélicos –, para obtermos, assim, uma espiritualidade sadia. Conformada nos princípios bíblicos, que tenha as cinco solas como inspiração e uma sabedoria que produz frutos, ações práticas que transformam para manter o barco navegando, mesmo nas águas agitadas das constantes mudanças sociais, culturais e religiosas da era pós-moderna.
Essa é a reforma que a igreja precisa buscar constantemente, a que envolve o próximo. Amar é a essência da vida cristã. É amando – como Ele nos ama – que se glorifica a Deus. Sem amor, diz Paulo, o que fazemos não tem valor algum (1Co. 13). O amor é expresso no serviço ao próximo e nos salva do egocentrismo, da ganância, da frustração. O amor misericordioso de Deus não descarta ninguém, acolhe a todos. Cabe a nós, os parecidos com Cristo, exercer o ministério da reconciliação vivendo os valores do Reino de amor e justiça, movidos por gratidão, alegria e esperança.
Assim como os reformadores, somos chamados a sair da zona de conforto e compartilhar os muitos recursos que Deus nos confiou. É verdade que somos justificados pela graça mediante a fé, mas pelas nossas obras de amor a fé íntima se torna conhecida (Ap. 20.13). O fazer segue o ser.
Qual é o nosso papel diante dessas coisas?
No livro “A grande lacuna”, Richard Stearns, presidente da Visão Mundial, afirma: “Cristo nos chama para ser Seus parceiros na transformação do nosso mundo (…). Com perto de dois bilhões de cristãos no mundo, quase um terço da população, transformar o mundo tratando da pobreza e da injustiça não parece, de forma alguma, estar além das nossas possibilidades (…). Será que as futuras gerações nos verão como cristãos que viviam no luxo e na autogratificação enquanto milhões morriam por falta de alimento e de água? Está em risco mais até mesmo do que a vida dos pobres e dos órfãos (…), a própria integridade da nossa fé”.
Jesus foi o grande reformador. Ele enfrentou a religiosidade dos fariseus, criticando comportamentos que questionavam, por exemplo, a cura num sábado (Lc. 14.1-6). Lutero foi um reformador que atacou a falta de misericórdia de uma igreja que tinha se esquecido da graça e tentava tirar proveito da venda de um perdão que apenas é dado pelo próprio Deus. E agora a reforma está conosco, com o Cristo que habita em nós. O que faremos?
Precisamos colocar em prática o desafio que o apóstolo Paulo nos deixou de renovar nossas mentes, reformar diariamente nossos corações, para sermos agentes de transformação num mundo sedento.
Reformados para reformar
Agora somos nós que, com ousadia e cheios do Espírito Santo, denunciamos a cegueira do mundo e o confrontamos com uma mensagem que dá voz aos que não têm voz, que se preocupa com o órfão, o pobre, a viúva e faz deles discípulos de Cristo. Que ama e serve aqueles que são marginalizados. Precisamos, como Jesus, enxergar que há uma multidão que anda “como ovelhas sem pastor” (Mc. 6.30-34).
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